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EUA pedem que grávidas não viajem a Brasil e outros 13 países onde há zika

Especialistas acham que vírus está ligado aos casos de nascimento de bebês com microcefalia

Mosquitos Aedes aegypti, transmissores do vírus zika, no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo no dia 8 de janeiro.
Mosquitos Aedes aegypti, transmissores do vírus zika, no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo no dia 8 de janeiro.NELSON ALMEIDA (AFP)

Os Estados Unidos passaram a recomendar às mulheres grávidas ou que pretendam engravidar que evitem viajar para 14 países da América Latina em que houve casos de doença provocada pelo vírus zika. O motivo é a crescente suspeita de vínculo entre o vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, e um aumento fora do normal no número de bebês nascidos com microcefalia no Brasil.

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A recomendação se aplica ao Brasil, à Colômbia, a El Salvador, à Guiana Francesa, à Martinica, à Guatemala, ao Haiti, a Honduras, ao México, ao Panamá, ao Paraguai, ao Suriname, à Venezuela e a Porto Rico. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) não incluem na lista Equador, Guiana e ilha de San Martín, que a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) considera afetados pelo vírus.

O alerta contra viagens emitido pelos CDC é de nível 2, o que significa tomar “precauções reforçadas”, não chegando a recomendar que sejam totalmente evitadas as viagens, o que seria o nível máximo de alerta, o 3. A agência norte-americana ressalta que a medida foi tomada “por excesso de precaução, até que se saiba mais” sobre a relação entre o zika e os casos de microcefalia, uma má-formação do cérebro —que fica com tamanho menor que o normal—, que dispararam no Brasil: entre novembro e janeiro foram notificados 3.530 casos, um aumento de 377%.

De acordo com os CDC, cientistas da instituição analisaram as amostras enviadas pelas autoridades brasileiras das gravidezes que resultaram em aborto e de dois bebês nascidos com microcefalia que morreram pouco depois do parto. Nesses últimos dois casos, as análises mostraram que havia o vírus zika nos cérebros. Além disso, o exame de sequências genéticas mostrou que nos quatro casos se tratava da mesma cepa de zika que atualmente é encontrada no Brasil. As quatro mães infectadas declararam que tiveram durante a gravidez sintomas condizentes com a doença provocada pelo vírus zika.

Um dos problemas do zika é que muitas pessoas nem chegam a saber que têm o vírus porque não apresentam os sintomas (febre leve e erupções cutâneas são os mais comuns). Segundo a Opas, apenas 1 em cada 4 pessoas desenvolve os sintomas da infecção por zika.

Para as mulheres grávidas ou que planejam a gravidez que não possam adiar a viagem aos países listados, os CDC, assim como a Opas (braço da Organização Mundial de Saúde), recomendam uma consulta médica antes de embarcar e a adoção de todas as medidas possíveis para evitar picadas de mosquito.

A Opas, que também faz análises para confirmar a relação entre o zika e enfermidades congênitas como a microcefalia, não emitiu por enquanto nenhum alerta de viagem, embora recomende encarecidamente que sejam adotadas precauções para evitar picadas —de usar manga comprida a repelentes—, especialmente para as grávidas. Lembra ainda que tudo aponta a que o vírus vai se estender "até alcançar todas as áreas que foram afetadas pelos surtos de dengue e chikungunya nos últimos anos".

Em 3 de março de 2014, o Chile notificou à Opas a confirmação de um caso de transmissão autóctone de febre pelo vírus zika na Ilha da Páscoa. A presença do vírus foi detectada até junho daquele ano na região, segundo a Opas. Em maio de 2015, as autoridades de saúde pública do Brasil confirmaram a transmissão do vírus zika no Nordeste do país. Desde outubro de 2015 até agora, outros países e territórios das Américas relataram a presença do vírus, segundo a agência EFE.

É um vírus novo na região, e até o momento tinha tido uma distribuição geográfica e demográfica muito limitada, sem prova de letalidade. Mas foram notificados casos esporádicos de pacientes com doenças ou condições pré-existentes nos quais as manifestações e complicações poderiam ser mais graves, levando à morte.

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