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Messi sobrevive ao clássico e classifica o Barcelona na Copa do Rei

Munir fez os dois gols que eliminaram o Espanyol em mais uma partida feia

Munir chuta para marcar o primeiro do Barça no jogo.
Munir chuta para marcar o primeiro do Barça no jogo.LLUIS GENE (AFP)
Ramon Besa

O terceiro clássico entre Barcelona e Espanyol acabou sendo muito sem graça, sem emoções, violento na arquibancada e insosso no campo, condicionado pelo placar registrado anteriormente no Camp Nou (4-1). A torcida de Cornellà-El Prat se encarniçou com Piqué, que, poupado, estava no banco de reservas, e com o árbitro Fernández Borbalán. Nem o campo estava cheio, nem ninguém intimidou o Barcelona, em uma partida quase nula a que só valeu a pena assistir por causa de Messi. O Espanyol só conseguiu fazer com o que número 10 de irritasse depois de ter sido várias vezes atingido por Álvaro. Embora tenham havido algumas entradas feias e condenáveis, não se chegou às brigas e bate-bocas registrados no campo do Barça no jogo anterior.

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Nessa falta de clima e também de jogo, o espetáculo ficou por conta das intervenções de Messi e Caicedo, que foi acertado três vezes por Ter Stegen, e pela série de cartazes exibidos pela torcida: “Pau (López, goleiro que ficou na Espanyol), o seu pé nos mostra o caminho”, se lia em um deles; “Shakira é de todos”, em outro; “Luis Suárez, ladrador e mordedor”, dizia um terceiro cartaz. Messi também não escapou da ira dos alvi-celestes, que fizeram-no lembrar de seus problemas com o Fisco. O camisa 10 não deu bola, sempre se destacando, com e sem a bola, com vontade de jogar as partidas difíceis e já não tão decisivas, como a de ontem contra o Espanyol.

Ainda bem que Messi estava lá. Não se trata de menosprezar nenhum atleta, menos ainda jogadores como Aleix Vidal e Arda Turan, que procuram o seu lugar no Barça, nesta quarta-feira pelas laterais, e é também necessário respeitar o elenco do Espanyol, inclusive quando Ciani joga, de quem não havia notícias desde o dia em que Cristiano Ronaldo marcou cinco gols em Cornellà-El Part. Acontece que os dois treinadores não só trocaram um aperto de mãos para diminuir a tensão do clássico como tiveram de acertar uma trégua dentro de campo e colocaram duas formações leves, que nada tinham a ver com o jogo de ida da Copa e com o da Liga.

ESPANYOL, 0 - BARCELONA, 2

Espanyol: Bardi; Correia, Ciani, Álvaro, Duarte; Jordán, Abraham (Gerard Moreno, m. 79), Salva Sevilha (Mamadou, m. 67), Burgui (Montanheiro, m. 55); Asensio e Caicedo. Não utilizados: Pau; Álvarez, Enzo, Javi López.

Barcelona: Ter Stegen; Alves, Vermaelen (Bartra, m. 58), Mascherano, Mathieu; Rakitic, Sergi Roberto (Adriano, m. 58); Aleix Vidal, Messi, Arda; e Munir. Não utilizados: Masip; Piqué, Busquets, Iniesta e Neymar.

Gols: 0-1. M. 32. Munir. 0-2. M. 88. Munir.

Árbitro: Fernández Borbalán. Amarelou Burgui, Álvaro, Caicedo, Aleix Vidal, Rakitic, Adriano.

Cornellà-O Prat. 20.843 espectadores.

Com Luis Suárez punido, também não atuaram Busquets, Neymar e Piqué, três ícones dos torcedores do Barcelona que já haviam se desentendido com os adversários, tampouco Pau López, o goleiro que defende a camisa, o distintivo, a história e também o gol do Espanyol, inclusive quando pisa sobre Messi, como aconteceu no Camp Nou. A emoção foi oferecida pelo camisa 10. Atuou como meia avançado, numa disposição diferente dentro das opções do Barça ortodoxo do 4-3-3. Luis Enrique usou apenas dois volantes, Sergi Roberto e Rakitic, abriu mais o campo com Aleix e Arda e deixou Munir como ponta. Dez jogadores a serviço de Messi.

O time estranhou o surpreendente 4-2-1-3. Para os jogadores, isso soou como um número de telefone típico de Menotti. O Barça não sabia como jogar, perdido em campo, sem uma mecânica de jogo nem entrosamento, irreconhecível para si mesmos e para os outros, abandonado às ações individuais, com os atletas se submetendo a gozações, como no caso do do drible no meio das pernas aplicado por Asensio em Arda. Mais arrumado, o Espanyol apertava perto da área de Marc Stegen e se fechava rapidamente, cercando Messi. Mas não conseguiram segurar o camisa 10.

Embora hesitante na posse de bola, o Barça não sofreu na defesa, porque o poder ofensivo do Espanyol estava bastante limitado, muito inferiorizado com a escalação feita por Galca. O jogo ficou tão pobre que permitiu até mesmo que Munir marcasse um gol depois de o Espanyol ficar paralisado por entender que o árbitro não apitara um pênalti de Rakitic sobre Salva Sevilla. Os alvi-celestes transformavam cada decisão do juiz em um insulto, como se fosse possível jogar futebol árbitros, e ainda mais contra times como o Barça.

Não parece ter havido mesmo falta, e o contra-ataque do Barça permitiu que o brilho de Messi aparecesse. Os avanços acelerados do argentino, com três atacantes à frente, desmontaram o Espanyol. Os zagueiros só conseguiam detê-lo à força, com os braços e as pernas, descontrolados nas duas áreas, inclusive na sua por Ter Stegen. O goleiro respondeu com uma defesa maravilhosa, como se levasse um escudo de guerreiro no braço, a um chute de Caicedo, depois de um “mano a mano” e de o equatoriano atacar seguidamente a meta do Barça.

Os dois treinadores não só trocaram um aperto de mãos para diminuir a tensão do clássico como tiveram de acertar uma trégua dentro de campo e colocaram duas formações leves

Não havia lugar, no campo, para um volante como Sergi Roberto, incomodado e batido, ao mesmo tempo em que Rakitic corria à solta, mais habituado ao esquema de dois volantes, e Messi se exibia enquanto Munir marcava de novo. Foram poucas as boas jogadas, todas elas protagonizadas pelo camisa 10, depois de o jogo piorar com a passagem do tempo e Ter Stegen irritar Caicedo. Não houve nada de mais interessante, a não ser ficar olhando para Messi, que se aguentou firmemente, de pé, até que o juiz desse o apito final e sacramentasse a classificação do Barça.

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