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Luis Suárez basta para chegar à final do Mundial de Clubes

Três gols do uruguaio deram a vitória ao Barça, que se impôs sobre o Guangzhou

Jordi Quixano
Suárez comemora gol sobre o Guangzhou.
Suárez comemora gol sobre o Guangzhou.Koji Sasahara (AP)

Para Luis Suárez tanto faz. Não que dispense a presença de Neymar e Messi (que ficou de fora por uma cólica renal), pois com eles sempre tem várias chances de gol asseguradas. Mas sozinho já consegue dar muito trabalho aos rivais. Foi o que aconteceu com o Guangzhou Evergrande, que sofreu com a esperteza e a pontaria de um atacante sem igual, de um camisa 9 de verdade que se garantiu para impôr a vitória por 3 a 0 e carimbar o passaporte do Barcelona para a final do Mundial de Clubes, no domingo frente ao River Plate da Argentina.

A final

River Plate, vencedor da semifinal contra o Sanfrecce, enfrenta o Barcelona no domingo, às 8h30 (horário de Brasília).

As equipes asiáticas costumam ser muito dinâmicas e intensas, predispostas à corrida de uma área a outra. Não foi o caso do Guangzhou, exceção que confirma a regra devido à acentuada influência de Luiz Felipe Scolari, um treinador bem tacanho com o jogo porque sempre se entregou ao talento dos dos atacantes, como ocorreu no bem-sucedido Mundial de 2002, quando Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho conseguiram se entrosar muito bem e derrotar os rivais. Mais do que falta de personalidade, contudo, a equipe chinesa sofreu de mudança de pele porque ante o Barça soube de sobra o que queria jogar e propor, com a zaga colada no goleiro e duas linhas de quatro bem firmes. Mas havia duas ressalvas: a de Goulart, que ficava à espera do rebote; e Elkeson, pronto para correr em direção ao gol por trás da zaga inimiga. Mas essas táticas também não deram certo. O fato é que o Guangzhou quase não tocou na bola, por mais que não lhe importasse – sua torcida festejava as jogadas rivais desarmadas quase como se fossem gols –, confiando na inspiração para marcar. Não deu certo.

As peças se amontoavam na área do Guangzhou. E o Barcelona, que gosta de avançar com jogo associativo, enfrentou muitos problemas porque não encontrava onde encaixar o último passe.

As peças se amontoavam na área do Guangzhou. E o Barcelona, que gosta de avançar com jogo associativo, enfrentou muitos problemas porque não encontrava onde encaixar o último passe. Não teve outra opção a não ser montar uma oportuna parede [quando um jogador passa a bola ao companheiro e a recebe de volta metros adiante], pegar o rival de surpresa com a profundidade dos laterais ou tentar a sorte com um chute à distância. Soluções que demoraram a chegar porque Munir não soube aproveitar bem o lançamento de Iniesta e chutou como foi possível. Alba e Alves tampouco conseguiram criar ante a ação dos laterais rivais, e os volantes fechavam o cerco quando a bola vinha pelo meio. Mas o chute à distância funcionou graças ao goleiro Li, que tem mãos de manteiga. Li não conseguiu defender um tiro forte e centrado de Rakitic, e Suárez, que sabe arrematar e jamais deixa uma bola órfã porque para ele seria enganar o futebol, aproveitou o rebote e tocou com a ponta de chuteira para festejar o gol.

Assim é Suárez, que vale por três em campo. Messi é um gênio que confunde qualquer defesa, que se basta para deixar os marcadores para trás e balançar as redes, mas que cria jogo com a bola nos pés. Neymar também reivindicou esse protagonismo na ausência do camisa 10 porque desequilibrou e soube fazer os demais jogarem também. Suárez é diferente, por mais que agora seja o melhor centroavante do mundo. Ele gosta de iniciar a pressão e terminar as jogadas, um futebolista que transforma em ouro tudo o que ocorre ao seu redor, mas que não se importa com as preliminares porque, para ele, tudo se limita ao gol. E não falha. Sobretudo porque explora o potencial de Iniesta, excelente uma vez mais porque foi o único que soube olhar para frente na zona de criação. Assim, o uruguaio cedeu a bola ao camisa 8, que a devolveu por cima e com precisão – a parede – e Luis Suárez tocou de novo para marcar o segundo.

O Guangzhou praticamente não reagiu, fechado como estava à espera de uma falha inimiga ou de uma bola roubada para sair no contra-ataque. Teve mais sorte nas jogadas de bola parada: numa falta lateral, por exemplo, Elkeson exigiu grande defesa de Bravo; do mesmo modo, Paulinho bateu um escanteio que forçou a intervenção de Piqué para aliviar a defesa. Houve poucas chances de gol do time chinês, e lá estava Suárez em disparada de novo, aproveitando que Munir caiu na área e provocou um pênalti para fazer o terceiro. Um hat-trick que mostra que o Barcelona tem saúde invejável para fazer gols, e que Luis Suárez, pelo menos diante do Guangzhou, garante o triunfo sozinho.

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