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‘Star Wars - O despertar da Força’: o início de uma nova era

A estreia dp episódio 7 da saga reúne ‘freakismo’, cinefilia, religião e amor por filmes

Gregorio Belinchón
Cena de o ‘O despertar da Força’.
Cena de o ‘O despertar da Força’.

O café Les Deux Magots, na praça parisiense de Saint-Germain-des-Prés, foi inaugurado em 1885. Ali se reuniam Verlaine, Rimbaud e Mallarmé; em suas mesas se agruparam os surrealistas, com Breton à frente; em seu salão, também beberam Picasso, Hemingway, Beauvoir, Sartre, Sábato... E ali mesmo se reuniram pela primeira vez, em 2013, J. J. Abrams e Lawrence Kasdan para falar sobre a trilogia final de Star Wars (Guerra nas Estrelas). Ambos reconhecem que foi naquelas conversas que se forjou tudo aquilo que veremos nas telas a partir do próximo dia 18. Assim, por um acaso cinematográfico, Paris voltou a se tornar a capital mundial da cultura. O que disseram nesses encontros um ao outro, o veterano cineasta, autor das melhores passagens de O Império Contra-Ataca, e o diretor escolhido para dar uma nova vida à franquia que marcou a história do cinema?

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Sabemos alguma coisa, pouco para um dos filmes mais aguardados dos últimos anos. Mas tanto faz. A venda antecipada de ingressos já está batendo recordes no mundo inteiro, os cinéfilos estudam cada plano dos diversos trailers de O despertar da Força que começaram a ser exibidos nos cinemas e na televisão, cada palavra pronunciada pelos atores é analisada meticulosamente pelos admiradores. É o final da travessia do deserto e o início de uma nova era de Star Wars, já que, além da oitava e da nona partes, já estão em andamento outros spin offs que mergulham no universo criado há quase 40 anos por George Lucas.

Para muitas pessoas, Star Wars é muito mais do que uma criação cinematográfica. Na Austrália e no Reino Unido, o “jedismo” é uma religião oficial que conta com 500.000 seguidores. Isso mesmo: meio milhão de pessoas preencheram um formulário oficial afirmando que acreditam na Força e na mistura filosófico-religiosa em que Lucas baseou seus roteiros, que beberam na fonte de textos de São Paulo, da própria Bíblia, de Chesterton e de O Herói de Mil Faces, de Joseph Campbell, além de códigos samurais e alguma coisa do taoísmo.

Tanto os seus fiéis mais fanáticos como seus meros seguidores esperam bastante do novo filme, que teve divulgadas algumas indicações de seu conteúdo. O Despertar da Força se passa 30 anos depois da explosão da segunda Estrela da Morte do final de O Retorno de Jedi. Alguns seguidores do Império conseguiram se reagrupar depois da batalha de Endor e formaram uma nova Resistência. Agora, chamam-se Primeira Ordem, esperam restaurar o Império e talvez tenham líderes e armamento necessários para conseguir isso. O general Hux –interpretado por Domnhall Gleeson— é um desses líderes e governa na base Starkiller (uma piscadela para os antigos fãs: esse foi o primeiro nome que Lucas pensou para a família Skywalker). Sob o seu comando se encontra a capitã Phasma (Gwendoline Christie), um personagem que promete... embora menos do que o dono de uma espetacular espada a laser, Kylo Ren, o mascarado vivido por Adam Driver, um vilão que, ao que parece, age por sua própria conta e risco.

E o chefe desse universo tenebroso? O líder supremo Snoke, personagem criado por computador pelo ator Andy Serkis, o melhor quando se trata de criações digitais baseadas em intérpretes. Sua voz foi a primeira a ser ouvida no primeiro trailer, uma cortesia da divulgação bem dosada de informações gerenciada a mão de ferro pela Disney, proprietária da LucasFilms.

Há também um grupo de personagens que, como acontecia com Luke Skywalker na inaugural Uma nova esperança, parecem coadjuvantes até que as guerras de poder os arrastam para o epicentro da ação. Nesse caso se encaixam Finn (John Boyega), um soldado que se encontra em perigo no planeta Jakku, e Rey (Daisy Ridley), uma carniceira do deserto.

Do lado dos heróis, a princesa Leia está na Resistência –é assim que são chamados os rebeldes, o que poderia deixar claro que quem manda é a Primeira Ordem. Em um dos trailers, é possível ver Leia (Carrie Fisher) chorando abraçada a Han Solo (Harrison Ford), e esse trecho gerou uma onda de especulações na Internet. Pois a mão biônica de Luke (Mark Hamill) pousada sobre R2-D2 é a única coisa que se viu de seu irmão (sua voz, sim, pode ser ouvida em um trailer confundindo ainda mais os espectadores com a frase: “Está com meu pai”). Han Solo, por sua vez, apareceu bem mais nos trechos divulgados, além do fato de ter sofrido um acidente na filmagem com a porta do Falcão Milenário, o que levou a uma reorganização do cronograma da rodagem para que o projeto não sofresse muito com sua ausência. Também está de volta o seu companheiro de andanças e malandragens Chewbacca, o wookiee que o colega de negócios chama de Chewie. Como não poderia deixar de ser, C-3PO aparece nos novos filmes... Mas, por que ele tem um braço vermelho? E os fãs já estão adorando um robô recentemente incorporado, o redondo BB-8.

Para completar a trama, faltam Poe Dameron, interpretado por Oscar Isaac, do qual se sabe que é um grande piloto, e Mas Kanata, outro personagem gerado por computador, uma pirata baseada em Lupita Nyong’o e que poderá ser vista em um castelo que parece ser uma reprodução da taverna de Mos Eisley, aquele bar incrível criado pela imaginação do gênio da maquiagem Rick Baker. Resta a dúvida sobre como se encaixa, em todo esse quebra-cabeças, o veterano ator Max von Sydow, sobre o qual não vazou uma única gota de informação.

Esse terceiro advento de Star Wars –todos ficaram frustrados com a estreia da primeira trilogia (na ordem cronológica da história)—ficou nas mãos de J. J. Adams, um cineasta com arsenal criativo e talento suficientes para conduzir a bom porto o desafio mais difícil de sua carreira. Foi sábia a decisão da Disney de afastar o desenvolvimento narrativo dos roteiros caracterizados por Lucas e deixa-lo nas mãos de Abrams. E o fato de este recorrer a Kasdan reforçou as expectativas. Agora, só falta se apagarem as luzes, ouvirmos a mítica melodia de John Williams e que se inicie aquela sequência de letras que se fundem com as estrelas: “Muito tempo atrás, em uma galáxia muito distante...”.

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