_
_
_
_
_

Com grande incidência de zika vírus, Bahia levanta preocupação

Estado notificou 62.635 casos do vírus, mas número de microcefalia ainda é pequeno 115 pessoas podem ter contraído a Síndrome de Guillain-Barré em consequência do zika

Tânia Rêgo (Agência Brasil)

Apesar de Pernambuco ter apresentado a maior quantidade de casos de microcefalia até o momento, o Estado da Bahia levanta preocupações de especialistas, pois é o local onde foram notificados os maiores índices de suspeita de zika vírus do país neste ano. O número de casos de microcefalia, entretanto, é pequeno no Estado no momento: foram 15 neste ano, segundo a Secretaria Estadual de Saúde -uma média similar a de outros anos.

Segundo Marco Aurélio Safadi, infectologista da Sociedade Brasileira de Pediatria, o surto no Estado aconteceu mais tarde do que no resto do Nordeste, o que pode indicar que os casos de microcefalia comecem a aparecer mais para frente -geralmente, a infecção que causa essa condição acontece nos três primeiros meses de gestação e, nesses casos atuais, a doença só foi descoberta após o parto.

Mais informações
Os mosquitos transgênicos estão livres para combater a dengue no Brasil
Por que todos os mosquitos me picam?
América Latina, sem anticorpos para combater o chikungunya
A ameaça de uma epidemia deflagra um alerta de saúde na América Central
A dengue explode em São Paulo enquanto no Rio quase desaparece
“Para aumentar os recursos, é preciso outra fonte de financiamento”

Os dados de zika vírus, entretanto, são provavelmente muito subestimados, já que a notificação da doença não era compulsória até esse recente surto de microcefalia e sua identificação, nos sistemas de saúde, pode ter sido confundida com a dengue -isso explicaria a diferença dos registros entre os Estados. Segundo um relatório da coordenação do Programa Nacional do Controle da Dengue, também do Ministério da Saúde, a Bahia teve 56.318 casos suspeitos até o final de outubro (70% do total registrado, de 84.931). Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, até 18 de novembro o número já havia subido para 62.635, em 284 municípios (dos 417).

Segundo o boletim do Estado, o pico da doença ocorreu nas semanas epidemiológicas 17 e 18 (de 26 de abril até 09 de maio) e, depois, houve um pico menor nas semanas 29 e 30 (entre 19 de julho a 01 de agosto).

A grande quantidade de casos no Estado, entretanto, já havia mostrado consequências. Em julho, a Bahia já havia notificado 115 casos da Síndrome de Guillain-Barré, uma doença neurológica que já foi ressaltada como uma das possíveis consequências do zika. Até 18 de novembro já eram 173 casos de complicações neurológicas associadas à "doença exantemática indeterminada" (provavelmente a zika), sendo 64 casos de Síndrome de Guillain-Barré confirmados e 75 ainda em investigação - 21 foram descartados para a síndrome.

Para o infectologista Celso Granato, do Fleury, isso já deveria ter sido um alerta para que o país transformasse o zika em notificação compulsória, o que só aconteceu depois das descobertas recentes dos casos de microcefalia. A notificação permitiria, por exemplo, se ter um retrato mais fiel dos casos da doença espalhados pelo Brasil.  

O Estado afirma que reforçou a vigilância nas maternidades e a quantidade de casos de microcefalia ainda está dentro do normal (foram 13 até o momento; em 2013 foram 15, por exemplo), mas diz que começou a observar um aumento em 22 de outubro. "Em 13 de novembro, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia foi informado da ocorrência de nove casos de microcefalia em filhos de gestantes com relato de casos zika vírus (...). Esses casos podem ainda não estar registrados no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos [do Ministério da Saúde], mas o conhecimento dos mesmos em um curto espaço de tempo deixam o estado da Bahia em alerta", disse a secretaria, em nota.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_