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Após ato, black blocs tentam invadir sede do Governo estadual

Não houve violência no ato estudantil até que mascarados forçaram o portão do palácio

M.R.
Punk tenta quebrar a chutes o portão do Palácio do Governo
Punk tenta quebrar a chutes o portão do Palácio do GovernoRENATO MENDES (BRAZIL PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Um grupo de black blocs tentou invadir a sede do Governo do Estado de São Paulo no início da tarde desta quinta-feira. O grupo jogou paus e pedras para dentro do Palácio e soltou alguns rojões. O ato foi reprimido pela Polícia Militar, que reagiu jogando bombas de gás em direção aos manifestantes e aos mascarados. A tentativa de invasão ocorreu no final de uma manifestação realizada por estudantes contra a reorganização escolar, projeto do Governo Alckmin para remanejar alunos de toda a rede pública do Estado. Não há informações sobre detidos ou feridos.

O ato foi iniciado por volta das nove da manhã no Largo da Batata, na zona oeste da cidade. De lá, os estudantes marcharam até o Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo estadual, a seis quilômetros de distância. O grupo fechou parte da marginal Pinheiros para chegar até o ponto final da manifestação, onde se encontraria com outros estudantes e professores. Segundo os organizadores, havia 2.000 pessoas no ato. A PM não divulgou dados.

Durante o percurso, a temperatura beirou os 35 graus. Os manifestantes decidiram parar por alguns minutos em uma sombra, para descansar. A atitude foi reprovada pelos mascarados, que chamaram os demais de esquerda caviar. "Agora sim, tem que acabar, eu quero o fim da esquerda caviar", gritaram os punks e mascarados. Houve uma certa tensão entre os grupos e, minutos depois, a marcha seguiu em frente.

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O contingente policial que acompanhou a marcha foi bastante reduzido. Cinco motos e três viaturas fecharam as vias para os estudantes e não houve confronto até a chegada ao Palácio. Lá, um grupo pequeno, de não mais que dez black blocs tentou forçar um dos portões da sede do Governo quando a Polícia interferiu jogando bombas e dispersando o ato que já estava sendo encerrado.

A manifestação ocorreu com o apoio de alguns professores. Dimitri Silveira, professor de geografia no colégio Raul Fonseca no Ipiranga, era um deles. "Eu desconheço onde está na literatura sobre a pedagogia que a divisão das escolas entre alunos de idades diferentes favorece o ensino", disse, no Largo da Batata. "Na minha escola é justamente o contrário: Os pequenos têm referência nos maiores e os alunos mais velhos aprendem a respeitar os mais novos", disse ele, ao som de "dança, Geraldo, dança até o chão, aqui é a juventude defendendo a educação", grito que os estudantes entoavam com a fanfarra, mencionando o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

Kathelyn dos Santos Alves, de 16 anos, estava no ato com mais duas amigas. Ela cursa o primeiro ano do ensino Médio na Escola Estadual Anhanguera, na Lapa. Com a reforma, o colégio dela vai ficar só com o ensino Fundamental e ela terá de mudar. "Ninguém fala direito pra gente o que vai acontecer", diz. "Mas sei que com essa reforma, os alunos irão para as escolas mais próximas de onde moram. Por isso, eu terei que estudar em uma escola perto da minha casa, que tem qualidade muito menor".

Segundo a Secretaria de Educação, a reforma tem como objetivo dividir os alunos por faixa etária. Portanto, as instituições que antes recebiam estudantes do ensino Fundamental e Médio, agora receberão apenas um dos dois ciclos. Os alunos serão remanejados, segundo a secretaria, para escolas a até 1,5 quilômetro de distância de onde moram.

Para a professora Anatalina Lourenço, que dá aulas de sociologia na escola Almeida Junior, no Butantã, essa lógica é controversa. "Pais que têm filhos de faixa etária diferentes farão como?", questiona. "Educação só melhora com investimento. Se você tem menos alunos nas escolas, como o Governo diz, você deveria diminuir a quantidade de alunos na sala de aula e não fechar a escola". Ela diz que no colégio onde trabalha ninguém sabe ainda como será feita a reorganização.

Alunos do colégio Fernão Dias, em Pinheiros, estavam ali, embora a reforma não vá mexer diretamente com eles, já que o ensino Médio permanecerá no colégio. "Estamos aqui para apoiar. Tem muita gente que vive na periferia e vem estudar em escolas mais centrais porque a qualidade é melhor", disse Ricardo de Almeida. "Além disso, as salas de aula ficarão mais cheias ainda. Isso vai ser ruim pra gente também".

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