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Contra poluição, Madri restringirá tráfego de carros vários dias ao ano

A capital espanhola verá desaparecer metade dos carros que circulam por suas ruas

Gran Vía de Madri, nesta terça no Dia Mundial Sem Carro.
Gran Vía de Madri, nesta terça no Dia Mundial Sem Carro.SAmuel Sánchez

Madri aproveitou que a Gran Vía, principal avenida da capital espanhola, ficou sem carros durante quatro horas nesta terça-feira devido ao Dia Mundial sem Carro. Mas em poucas semanas, em outubro, no máximo em dezembro, a cidade inteira verá desaparecer metade dos carros que circulam por suas ruas. E todos que estacionarem no meio-fio. No final de outubro ou início de novembro, será ativado o plano de choque municipal contra a poluição, que prevê medidas de rigor inédito. Se já estivesse em vigor, nos últimos cinco anos teria retirado metade dos carros das ruas em até seis ocasiões por ano e durante vários dias consecutivos.

Nesse caso, por poluição entende-se somente dióxido de nitrogênio, o único componente que em Madri supera o nível legal fixado pela União Europeia em 2010, e que vem dos veículos a diesel. Para essa mediação existe uma rede de 24 estações espalhadas por toda a cidade; a região crítica é o interior da M-30, rodovia que circula a cidade, onde existem 10 medidores.

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O protocolo que entrará em vigor em um mês mantém os dois níveis de pré-aviso e aviso criados pela prefeita anterior, Ana Botella (do conservador Partido Popular), e o de alerta determinado pela UE. Mas diminui o parâmetro para ativar os dois primeiros fixados por Botella em 1 de março.

Dessa forma, bastará que duas estações da região central (ou qualquer uma das outras quatro nas quais se divide o resto da cidade) superem por duas horas consecutivas os 180 microgramas por metro cúbico para ativar o pré-aviso. Com 200 microgramas, o aviso é ativado. O alerta fixado pela UE é muito alto (400 microgramas, três horas), e nunca foi alcançado.

Mas o novo nível de pré-aviso e de aviso foi atingido em numerosas ocasiões em Madri, o que torna possível prever que, uma vez aprovado o protocolo, as medidas previstas para combater a poluição não tardarão em ser ativadas. O primeiro dia de pré-aviso limitará a velocidade na M-30 e nas vias de acesso a 70 quilômetros por hora (cenário 1). O segundo dia consecutivo de pré-aviso ou o primeiro de aviso também proibirá o estacionamento nas áreas reguladas com parquímetros aos carros que não sejam do bairro (cenário 2). O segundo dia consecutivo de aviso, além de tudo o que já foi citado, proibirá a circulação de metade dos veículos pela região central (de acordo com a placa, par ou ímpar) e táxis vazios (cenário 3). No caso de alerta, a proibição será ampliada à M-30.

A prefeita de Madri, Manuela Carmena, nesta terça.
A prefeita de Madri, Manuela Carmena, nesta terça.Samuel Sánchez

Se esse protocolo já estivesse em vigor, na sexta-feira, por exemplo, teria limitado a velocidade a 70 quilômetros por hora. No dia 9 de maio teria proibido o estacionamento na região dos parquímetros. Mas a pior crise teria sido nas festas de fim de ano: de 31 de dezembro a 5 de janeiro, os dois dias incluídos, teria sido ativado o cenário 3. Em 7 de janeiro, teria passado ao cenário 2. Em nos dias 9 e 10, novamente ao cenário 3.

Em anos anteriores teria sido até mesmo pior: em 2014 o cenário 2 teria ocorrido em sete ocasiões; e a circulação seria proibida em três dias consecutivos. Em 2011 uma semana inteira de proibições teria ocorrido em outubro. As piores datas são normalmente setembro/outubro e dezembro/janeiro (por questões meteorológicas). De modo que é provável que Madri não irá demorar em esvaziar-se novamente de carros.

Para evitar congestionamentos, a Prefeitura, dessa vez comandada pela prefeita Manuela Carmena (que forma parte da plataforma cidadã Ahora Madri) promete que a capacidade do transporte público será aumentada e será gratuito, mas para isso precisa da aprovação do governo regional (Comunidade de Madri, ainda controlada pelo Partido Popular)

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