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Brasil veta colono nomeado embaixador por Netanyahu

Dilma Rousseff ameaça com negar o plácet ao líder dos assentamentos Dani Dayan

Juan Carlos Sanz
Vladímir Putin e Benjamin Netanyahu, na segunda-feira em Moscou.
Vladímir Putin e Benjamin Netanyahu, na segunda-feira em Moscou.I. SEKRETAREV (AFP)

A presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, transmitiu por canais diplomáticos sua rejeição à nomeação de Dani Dayan como novo embaixador de Israel em Brasília. A mandatária advertiu o Governo de Benjamin Netanyahu que negará a oficialização caso insista em manter sua designação, já que Dayan reside num assentamento judaico na Cisjordânia e foi dirigente da principal organização dos colonos, que se opõe à criação de um Estado palestino.

O Ministério de Relações Exteriores de Israel, cujo titular é o próprio Netanyahu, confirmou no último dia 6 a nomeação de Dayan, nascido na Argentina há 59 anos, como embaixador em Brasília. A vice-ministra de Relações Exteriores, Tzipi Hotoveli, defendeu nesta segunda-feira a idoneidade do ex-dirigente dos colonos para o cargo diplomático. “Sua trajetória pública e sua ideologia devem ser uma vantagem, e não uma desvantagem para representar a postura do atual Governo, que apoia nosso direito a assentamentos na Judeia e Samaria [Cisjordânia]”, afirma Hotovely em comunicado citado pela agência EFE.

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Mais de 40 organizações brasileiras e vários deputados questionaram o novo enviado de Israel, por simbolizar a ocupação do território palestino que o Brasil não reconhece como israelense. Setores da sociedade israelense também criticaram a nomeação de Dayan. O diplomata Alon Liel, ex-diretor geral no Ministério de Relações Exteriores, justificou na terça sua oposição à designação em declarações à emissora de rádio do Exército. “Em Israel, criou-se quase um consenso de que caminhamos rumo a um Estado único binacional, enquanto no resto do mundo há um claro consenso de que deve haver dois Estados [um israelense e outro palestino]”, argumentou.

Dayan, que entre 2007 e 2013 dirigiu o conselho que agrupa os assentamentos na Cisjordânia, faz parte do partido ultranacionalista Lar Judaico, peça-chave da coalizão liderada por Netanyahu. O principal reduto de votos dessa força política são as colônias dos territórios ocupados, onde vivem 550.000 pessoas, levando-se em conta os assentados de Jerusalém Oriental.

As relações entre o Brasil e Israel pioraram durante os Governos do Partido dos Trabalhadores (PT), que condenaram a violação do direito internacional representada pela ocupação israelense dos territórios palestinos. O Brasil retirou seu embaixador de Israel durante a guerra de Gaza de 2014.

“Israel está centrado no desenvolvimento de relações econômicas com os mercados da América do Sul, com ênfase no Brasil”, disse o primeiro-ministro ao anunciar a nomeação de Dayan em agosto passado. A comunidade judaica brasileira tem entre 100.000 a 120.000 membros, e milhões de cristãos evangélicos brasileiros mostram grande simpatia pelo Estado de Israel, como acontece com os dos EUA.

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