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Ter um iPhone 6 é mais fácil em São Paulo do que em Lima ou Moscou

Paulistano deve destinar 109 horas de trabalho para comprar o telefone da Apple Já um carioca deve trabalhar 140 horas, segundo estudo da UBS

David Fernández
Loja da Apple em Turim (Itália).
Loja da Apple em Turim (Itália).ALESSANDRO DI MARCO (EFE)

“Ganho o suficiente para levar a vida que quero?” A UBS lança essa sugestiva pergunta na apresentação de seu relatório Preços e Salários 2015. O trabalho analisa o custo de vida em 71 das principais cidades do mundo. Uma das metodologias utilizadas pelo banco de investimento suíço para estabelecer quais os centros urbanos mais caros e os mais baratos é –no estilo do índice Big Mac da revista The Economist– comparar os preços de alguns produtos disponíveis no mundo todo e que têm qualidade e características semelhantes em qualquer país. Em seguida, determinar quantas horas de trabalho os habitantes dessas cidades devem destinar, segundo os salários locais, para adquiri-los. Um desses produtos é o iPhone 6. E as diferenças entre os países são muito grandes.

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Enquanto um morador de Zurique precisa de menos de um dia de trabalho (20,6 horas) para comprar o modelo mais novo do celular da Apple, um nova-iorquino comum necessita do equivalente a um salário de 24 horas de trabalho para adquirir o aparelho. Esse poder de compra é muito superior ao dos residentes de Kiev (627 horas), Jacarta (468 horas) e Cairo (353 horas).

Nas duas capitais brasileiras mais populosas –São Paulo e Rio de Janeiro– a compra de um iPhone 6 demanda trabalhar 109 e 140 horas, respectivamente. Os paulistanos têm mais facilidade para comprar o celular da Apple de última geração que os chilenos residentes em Santiago, por exemplo, que precisam trabalhar 131 horas. Ao lado dos cariocas, os brasileiros gastam menos horas que os colombianos de Bogotá (144), os peruanos de Lima (192) ou os mexicanos da Cidade do México (218).

21 minutos para um Big Mac

A distribuição das cidades no ranking, no entanto, varia dependendo do produto a ser analisado. Os trabalhadores de Hong Kong apenas necessitam trabalhar nove minutos para comprar um Big Mac, enquanto que em Nairóbi o preço desse hambúrguer equivale a três horas de trabalho. No caso do Big Mac, o esforço é maior para os cariocas (32 minutos de trabalho) do que para os paulistanos (25 minutos).

As diferenças para o acesso a certos produtos básicos, como pão e arroz, também são muito grandes, embora nesses casos existam cidades em países menos desenvolvidos que sobem para as primeiras posições no poder de compra. Um trabalhador de Zurique, Genebra e Nicósia (capital de Chipre) precisa trabalhar cinco minutos para comprar um quilo de pão; enquanto que em Manila são necessários 83 minutos de trabalho e, em Buenos Aires, 57 minutos. Um carioca precisa trabalhar 18 minutos para conseguir um quilo de pão, enquanto que um paulistano necessita 16 minutos.

No caso de um quilo de arroz, os habitantes de Oslo e Genebra só precisam trabalhar quatro minutos para comprá-lo, enquanto que o tempo de trabalho necessário para esse produto é de 73 minutos em Nova Déli, 66 no Cairo e 58 em Jacarta. No Rio e em São Paulo o custo do alimento básico é um dos baixos do mundo: os paulistanos precisam trabalhar somente 5 minutos para comprar um quilo de arroz, enquanto que os cariocas precisam de 9 minutos.

As cidades mais caras do mundo

Outra questão colocada no relatório do UBS é se você vive em uma cidade cara. Para responder a essa pergunta, os especialistas analisaram os preços de 122 produtos e serviços nessas 71 cidades. Sem levar em conta o preço da moradia, as cidades mais caras do mundo são Zurique, Genebra, Nova York, Oslo e Copenhague; enquanto que as mais baratas são Kiev, Sofia, Bucareste, Mumbai e Nova Déli. Se os preços dos imóveis são considerados, o ranking das cidades mais caras muda um pouco: Nova York, Zurique, Genebra, Londres e Oslo; enquanto que a ordem entre as mais baratas quase não apresenta variações.

O outro lado da moeda são os salários. E, segundo o UBS, os trabalhadores das três cidades com os maiores salários brutos (Zurique, Genebra e Luxemburgo) recebem uma renda bruta que é, em média, 19 vezes maior do que nas cidades com os salários mais baixos (Kiev, Jacarta e Nairóbi).

O preço dos alimentos é muito útil em estudos como o publicado pelo UBS. Embora a qualidade e as características dos produtos variem entre as cidades, os alimentos escolhidos pelo banco suíço para a análise são suficientemente comparáveis. O preço médio de uma cesta com 39 itens em 71 cidades pesquisadas é de 400 dólares (cerca de 1.600 reais). Os residentes de Zurique, com o maior custo (738 dólares, ou 2.900 reais), pagam 4,5 vezes mais do que os habitantes de Kiev para o mesmo carrinho de compras.

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