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Novo líder trabalhista leva perguntas dos cidadãos ao Parlamento britânico

Jeremy Corbyn mostra seu “novo estilo” em uma sessão de questionamentos a Cameron

Pablo Guimón
Jeremy Corbyn nesta quarta-feira na Câmara dos Comuns.
Jeremy Corbyn nesta quarta-feira na Câmara dos Comuns.HANDOUT (REUTERS)

Jeremy Corbyn entrou em ação nesta quarta-feira no Parlamento britânico, protagonizando pela primeira vez como líder da oposição a sessão semanal de perguntas ao primeiro-ministro, David Cameron. E não quis desperdiçar o momento para apresentar o “novo estilo” que deseja introduzir na política do país. Conforme havia prometido, as seis perguntas que cabe ao líder da oposição formular foram selecionadas entre sugestões de 40.000 pessoas que, segundo ele, responderam a uma convocação por email aos seus seguidores.

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No início da sua fala, após agradecer a todos os que participaram do “enorme exercício democrático” que culminou com a sua eleição como líder do Partido Trabalhista, Corbyn esboçou os motivos que o levaram a dar novos ares à audiência semanal de perguntas ao primeiro-ministro: “Participei de numerosos eventos em todo o país e tive conversas com muitas pessoas a respeito do que elas pensam sobre este lugar, nosso Parlamento, nossa democracia e nossa conduta aqui”, afirmou. “Muitos me disseram que achavam a sessão de perguntas ao primeiro-ministro teatral demais, que o Parlamento havia perdido o contato com as pessoas, e que gostariam que fizéssemos as coisas de outra maneira. Mas, sobretudo, queriam que sua voz fosse ouvida no Parlamento. Então achei que minha primeira sessão de perguntas ao primeiro-ministro deveria ser feita de uma maneira um pouco diferente”.

“Uma mulher chamada Marie” teve a honra de ser a primeira cidadã a ter sua pergunta ao conservador David Cameron lida por Corbyn. O tema era o preço da moradia. Depois foi a vez de Stephen, Paul e outros cidadãos preocupados com os cortes no Estado de bem-estar –ou seja, nos auxílios a desempregados, a doentes mentais etc.

Corbyn conseguiu, como desejava, conferir um caráter mais tranquilo e respeitoso a esta sessão parlamentar habitualmente ruidosa e agressiva. Não impôs pressão demais ao premiê, que se limitou a repetir sua mensagem habitual: sem economia forte não há Estado de bem-estar forte.

Cameron começou felicitando Corbyn por sua vitória de sábado na eleição interna do Partido Trabalhista e elogiou sua iniciativa de popularizar a sessão de questionamentos ao governante, fazendo desse “um exercício mais genuíno de perguntar e responder”. “Se conseguirmos mudar isso, ninguém vai gostar mais do que eu”, acrescentou. “Sei que teremos muitos desacordos fortíssimos entre nós nestas sessões, mas quando pudermos trabalhar juntos pelo interesse nacional devemos tentar”.

O deputado trabalhista Karl Turner escreveu na sua conta do Twitter que, na saída da sessão, perguntou a Cameron sua opinião sobre o estilo que seu adversário havia conferido às perguntas, e o primeiro-ministro respondeu: “Foi diferente, mais civilizado do habitual”. Em geral, as análises iniciais concordam que Corbyn superou sua primeira prova de fogo parlamentar, imprimindo um novo tom e com perguntas sobre políticas concretas. Um alívio para o recém-eleito dirigente depois dos primeiros dias dele na função de líder da oposição, que foram marcados por certos desencontros na sua relação com a imprensa, alguma frustração por ter constituído o seu gabinete à sombra apenas com homens nos principais cargos e uma reprovação quase unânime à sua decisão, na terça-feira, de não cantar o hino nacional, intitulado Deus Salve a Rainha, na missa em homenagem aos mortos na Batalha da Inglaterra.

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