_
_
_
_
_

Elton John revela que Putin ligou para falar sobre os gays na Rússia

Kremlin nega que tenha existido um contato entre o cantor e o presidente russo

Sir Elton John nesta semana em Kiev.
Sir Elton John nesta semana em Kiev.GENYA SAVILOV (AFP)

Elton John revelou que conversou por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, sobre a situação dos homossexuais na Rússia. “Agradeço ao presidente Vladimir Putin por concordar em falar por telefone comigo hoje”, escreveu o artista em sua conta de Instagram. “Tenho muita vontade de me reunir com o senhor para debater sobre a igualdade para o coletivo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) na Rússia”, acrescentou. No entanto, horas depois, o Kremlin negou esse contato.

Mais informações
Como sair do armário no esporte mais duro quase me levou ao suicídio
O primeiro casamento gay da Polícia Nacional da Espanha
Por que homens ‘heteros’ fazem sexo com outros homens?
O cinema está ‘branqueando’ a luta gay
“Pai, tenho certeza de que você é gay”
Um bar onde as mulheres não se escondem
“Hoje, Maomé casaria homossexuais”

O cantor sabe o poder da mídia e faz uso dele. Por isso, esta semana, durante sua estadia na Ucrânia expressou seu desejo de falar com o líder russo para discutir o que qualifica como a atitude “ridícula” do presidente em relação aos direitos da comunidade LGBT. Segundo denúncias de um relatório da organização internacional Human Rights Watch (HRW), depois da entrada em vigor em 2013 de uma lei que proíbe a propaganda gay, houve um aumento dos ataques homofóbicos na Rússia.

“Gostaria de conversar com Putin, mesmo que ele possa rir pelas minhas costas... e diga que sou um idiota completo”, confessou a estrela pop à BBC. Além disso, acusou o presidente russo de falar “coisas estúpidas” referindo-se a uma declaração feita antes do Jogos Olímpicos de Inverno de Sochhi em 2015, na qual advertiu os gays que viajassem ao país para “deixar as crianças em paz”. O artista não revelou os termos da conversa.

O que Elton John fez também foi se reconciliar com a Ucrânia, embora nem por isso o cantor britânico tenha deixado de denunciar e criticar a pouca tolerância que o país demonstra em relação aos homossexuais. O primeiro choque do cantor com a Ucrânia foi em setembro de 2009, quando as barreiras burocráticas tornaram impossível a adoção de Lev, um menino que perdeu os pais por causa da AIDS. Agora, a situação é diferente. O artista foi um dos convidados de honra em um fórum internacional realizado em Kiev. Lá, usou seu discurso para apoiar os ucranianos contra a agressão externa, mas também para pedir maior tolerância com a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros).

“Ser tolerante não só é correto do ponto de vista ético, mas seria uma característica que deveria forjar a nova Ucrânia. A justiça básica é um investimento em capital humano e o capital humano é o motor do empreendimento”, disse o cantor. E acrescentou que a Ucrânia deve encontrar uma maneira de unir-se ao mundo da tolerância e fez um apelo aos políticos e empresários para que defendam os direitos humanos. “Com tristeza digo que nesta cidade neste verão foi organizada uma parada pelo orgulho gay em um lugar secreto, para tentar impedir que baderneiros a atacassem e cometessem atos de violência contra os participantes”, disse John.

A diretora do portal informativo ucraniano Delo.UA, Katerina Venzhik, admitiu que as palavras do cantor fizeram com que sentisse vergonha de seus compatriotas. “Em certos momentos do discurso desejei que a terra me engolisse, de vergonha por nossos compatriotas”, disse Venzhik.

Além de passar pelo fórum, o músico britânico foi recebido pelo presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, que enfatizou o caráter simbólico de sua visita a Kiev. O presidente disse que a presença de Elton John vai ajudar a unir os esforços da comunidade internacional, dos intelectuais e dos artistas, para combater a propaganda do Kremlin contra a Ucrânia e o Ocidente.

“Quero que a Ucrânia se transforme em um país europeu moderno e farei todo o possível para isso”, disse John ao Presidente. Segundo o artista, o conflito nas regiões orientais da Ucrânia ultrapassou todos os marcos civilizados, mas “a Ucrânia deve ser forte, unida e tolerante, o que permitirá superar a agressão externa e transformar em realidade as aspirações europeias de seu povo”.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_