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Assassinados 14 presos em cadeia superlotada de El Salvador

Ministro da Justiça acredita que a chacina seja um expurgo na gangue Pandilla 18

Membros de gangue presos em El Salvador.
Membros de gangue presos em El Salvador.Jessica Orellana

Catorze detentos foram assassinados neste sábado na prisão de Quezaltepeque, ao Norte da capital salvadorenha, no departamento de La Libertad. Esta chacina de maras [os membros das gangues do país] é uma das piores já ocorridas em prisões de El Salvador, lotadas e violentas. “Foi de maneira muito silenciosa que fizeram isso”, disse o diretor geral de Centros Penais de El Salvador, Rodil Hernández. O ministro da Justiça e Segurança, Benito Lara, afirma que o acontecimento se deve a “um expurgo na estrutura criminosa (da gangue Pandilla 18)”. O servidor também informou que a mãe de uma das vítimas da prisão foi assassinada no sábado.

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Os mortos estavam presos enquanto eram processados por crimes graves, entre eles homicídios e extorsões qualificadas, bem como porte de armas de fogo e posse de drogas. Todos eram julgados por pertencer a grupos ilegais, ou seja, as pandillas (gangues) ou maras.

Os assassinados integravam a ala revolucionária da Pandilla 18, uma das mais radicais do pandillerismo. Esta estrutura é responsável por ordenar a morte e matar agentes do Estado. Neste ano, foram assassinados 44 policiais e 14 soldados – a maioria, enquanto estava de folga. Outros morreram em emboscadas e ataques diretos.

Os integrantes da Pandilla 18 também são acusados pelas autoridades de ser responsáveis pela paralisação no transporte público na última semana de julho, que provocou 11 mortes e prejuízo de mais de 60 milhões de dólares (210 milhões de reais).

Depois de ser informada sobre a tragédia, a Unidade de Manutenção da Ordem (UMO) da polícia isolou três quarteirões ao redor da prisão. Os Centros Penais decretaram emergência em Quezaltepeque e em outras prisões para evitar atos de violência. Não serão permitidas visitas, e os presos não poderão sair de suas celas até novo aviso, enquanto durarem as investigações.

O diretor da Diretoria Geral de Centros Penais (DGCP), Rodil Hernández, divulgou a lista das vítimas e dos crimes pelos quais estavam presas, mas não informou como foram assassinadas. As fotos que circulam nas redes “são falsas”, disse Hernández. Nelas são vistos corpos ensanguentados dos supostos pandilleros, mas as autoridades negam. Hernández afirmou que os corpos das vítimas foram levados ao necrotério e que seus familiares foram avisados.

Esta última ação nas prisões é um dos piores atos de violência ocorridos num centro de detenção salvadorenho. Em janeiro de 2007, 21 presos foram massacrados na prisão de Apanteos, no Oeste do país. Em setembro de 2013 seis presos menores de idade foram mortos no centro de Tonacatepeque.

O sistema penitenciário salvadorenho é um dos mais criticados internacionalmente por sua violência e pela superlotação, que passa de 300%. Com capacidade para abrigar 8.000 presos, as cadeias têm população de mais de 30.000.

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