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Número de imigrantes na Grécia supera, só em julho, o total de 2014

A maioria são refugiados provenientes de países como Síria, Iraque e Afeganistão

<a href="http://internacional.elpais.com/elpais/2015/08/19/videos/1439996534_535143.html"><b>VÍDEO</B></A> Assim desembarcam os refugiados depois de uma longa travessia.Vídeo: Natalia Sancha/Luis Manuel Rivas/Luis Almodovar

Somente no mês de julho, chegaram à Grécia mais imigrantes do que o total registrado pelo mesmo país em todo o ano de 2014, segundo dados do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Se no ano passado a Grécia foi um território de passagem para 43,5 mil imigrantes fugidos de zonas de conflito como a Síria, o Iraque e o Afeganistão, somente em julho deste ano já desembarcaram no litoral do país mais de 50 mil pessoas. Esse número representa um aumento de 750% em relação a julho de 2014. No acumulado do ano, a Grécia é o país que recebeu a maior quantidade de imigrantes (158.456), seguida da Itália, com 104 mil, Espanha, com 1.607, e Malta, com 94.

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A instabilidade do cenário no Oriente Médio tem provocado um verdadeiro êxodo de refugiados da região. Segundo dados do ACNUR, até 14 de agosto, 264,5 mil imigrantes atingiram o litoral da Itália, Grécia, Malta e Espanha. Os sírios constituem 40% do total, seguidos pelos afegãos (12%), eritreus (11%) e somalis (4%). De acordo com a organização internacional para migrações, somente nesta semana, na ilha grega de Lesbos, desembarcaram 10 mil pessoas. Rosa Otero, responsável da ACNUR para a Espanha, afirma que o perfil dos imigrantes se alterou nos últimos meses: “Se antes as pessoas eram levadas a deixar seus países por razões econômicas, hoje são os conflitos em vigor na Síria e no Iraque que fazem com que a grande maioria realize essas viagens”.

Durante visita à Grécia no começo deste mês, diretores do ACNUR alertaram para o “agravamento da crise dos refugiados” e reivindicaram uma “ação forte e urgente”. Vincent Cochetel, diretor da organização para a Europa, foi além, afirmando: “Diante dos problemas financeiros que enfrenta, a Grécia precisa de ajuda, e os países deveriam apoiá-la nesse esforço”.

Otero acrescenta que 82% daqueles que se deslocaram para a Grécia em agosto são oriundos de países em conflito e, portanto, têm o direito de solicitar asilo como refugiados. “Trata-se, muitas vezes, de pessoas com nível elevado de formação, estudantes ou profissionais, que podem arcar com os custos desse êxodo, que é controlado por traficantes ilegais”, afirma. “Todos eles chegam exaustos e muitos necessitam de assistência médica urgente, água, comida, abrigo e informação”, registra um dos recentes comunicados emitidos pelo ACNUR. William Splinder, porta-voz do Alto Comissariado, sugeriu na terça-feira ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, a “criação de um organismo unificado que coordene uma resposta emergencial e institua um mecanismo apropriado de ajuda humanitária”.

Ao longo deste ano, segundo os dados da ACNUR, chega a 264,5 mil o número de pessoas que atravessaram o mar Mediterrâneo em diversos tipos de embarcações. A operação Tritão, da Frontex (agência de controle das fronteiras na Europa), que sucedeu a operação Mare Nostrum liderada pela Itália, tem chamado a atenção, nos últimos meses, para a falta de recursos para o empreendimento de operações em alto mar. Organizações não-governamentais como a Médicos sem Fronteiras (MSF) e a Migrant Offshore Ais Stations (MOAS) procuram fornecer apoio, diariamente, às operações de resgate. Segundo a MSF, a organização resgatou 11.450 migrantes, com suas três embarcações, entre maio e meados deste mês.

A Frontex alerta, igualmente, para o aumento da tensão nas fronteiras por onde passa a rota da migração. De janeiro a julho, a agência europeia registrou 340 mil detenções, uma quantidade que, se comparada com as 123 mil do mesmo período do ano passado e com as 280 mil de todo o ano de 2014, expressa a dimensão da tragédia.

Grécia, Itália e Hungria, territórios por onde passam as pessoas que pretendem chegar a países como Alemanha ou França, têm registrado cenas inéditas, e a Macedônia, após o ingresso de milhares de refugiados nas últimas semanas, decretou nesta quinta-feira o Estado de Emergência nas regiões de fronteira no sul e no norte do país. Hoje (sexta-feira), agentes da polícia anti-distúrbios, alocados atrás de barreiras de arame farpado na fronteira com a Grécia, usaram gás lacrimogêneo para dispersar milhares de imigrantes e refugiados que tentavam atravessar a fronteira da Macedônia para chegar à Hungria.

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