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Tailândia, até então conhecida por um turismo variado e seguro

O príncipe Vajiralongkorn lidera uma marcha para comemorar o aniversário da rainha Sirikit

Naiara Galarraga Gortázar
O príncipe Maha Vajiralongkorn lidera uma marcha de bicicleta em Bangcoc para comemorar o aniversário da rainha Sirikit.
O príncipe Maha Vajiralongkorn lidera uma marcha de bicicleta em Bangcoc para comemorar o aniversário da rainha Sirikit.Sakchai Lalit (AP)

Bancoc é uma cidade de oito milhões de habitantes com uma estética futurista. É repleta de altíssimos arranha-céus, shoppings enormes e um moderníssimo trem elevado (conhecido pela sigla BTS) que atravessa a cidade de norte a sul e de leste a oeste. A explosão desta segunda-feira, que matou pelo menos 16 pessoas, aconteceu no cruzamento da Ratchprasong, entre duas das estações mais centrais do BTS, em uma área que normalmente é cheia de turistas (nessa época, principalmente de chineses e europeus), com vários hotéis de redes internacionais e lojas para estrangeiros fãs das compras. A capital é um populoso formigueiro, marcada pelo caos no trânsito desde o amanhecer até altas horas da madrugada.

A Tailândia, um país predominantemente budista, é uma autêntica potência turística que recebe milhões de estrangeiros todos os anos, incluindo um número significativo de espanhóis, especialmente recém-casados. É um daqueles destinos exóticos considerados seguros, pelo menos até hoje. Um desses lugares onde os turistas podem passear sem medo em qualquer canto, mesmo à noite. A Tailândia conseguiu a difícil combinação de atrair com a mesma naturalidade o turismo de compras, o que busca praias espetaculares, casais gays, famílias com crianças ou muçulmanos rigorosos. Esse país do Sudeste Asiático, de 67 milhões de habitantes, não havia sofrido nenhum grande ataque nos últimos anos (embora tenha havido um ataque a diplomatas israelenses e, recentemente, uma outra explosão a qual ninguém assumiu a autoria e que causou feridos) e a situação na maioria do país é estável. Há um grupo rebelde da minoria muçulmana no sul do país, na fronteira com a Malásia, mas que não costuma atuar fora daquela região.

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No ano passado, o chefe do Estado maior, Prayuth Chan-Ocha, deu um golpe de Estado – que não causou vítimas – contra a primeira-ministra democraticamente eleita, Yingluck Shinawatra, em uma batalha que os analistas vinculam à sucessão do rei Bumibhol. As elites tailandesas – militares, burocratas e a corte de um lado, e os novos ricos do outro – travam uma guerra há anos para estar bem posicionados quando chegar o momento decisivo.

O monarca, já idoso, é o que está no trono há mais tempo e o mais rico do mundo. Sofre de várias doenças e vive praticamente instalado em um hospital com sua esposa há muitos anos. O primogênito do casal, o príncipe Maha Vajiralongkorn, foi nomeado herdeiro, mas alguns membros da nobreza o consideram inadequado para o cargo. O príncipe gosta de jogar e, de acordo com o Wikileaks, chama seu cachorro de marechal.

Mas tudo isso nunca é comentado em público na Tailândia, onde uma severa lei condena com longas penas qualquer um que publique informações consideradas prejudiciais ao rei ou à sua família, o que, de fato, impede que o assunto da sucessão ou os escândalos sejam discutidos na imprensa.

No último domingo, o herdeiro liderou uma marcha de bicicleta – batizada de "Na bicicleta pela mamãe" – da qual participaram milhares de pessoas para comemorar o aniversário da rainha Sirikit. Foi uma das raras ocasiões em que o príncipe se misturou com o povo.

A primeira-ministra deposta é irmã de Taksin Sinawatra, o político tailandês mais bem-sucedido nas urnas desde os anos 90. O desembarque desse empresário do norte do país na política nacional abalou o panorama. Conseguiu o apoio dos pobres e da classe média emergente. Com golpes militares ou com o que é conhecido na Tailândia como golpes legais (via tribunais), os que durante meio século dominaram o poder tentaram atingir Taksin. Na última vez, no golpe de Estado que afastou sua irmã do poder há um ano.

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