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23 detidos na segunda noite de distúrbios em Ferguson

Novos choques entre manifestantes e detentos em uma noite mais tranquila

Foto: AGENCIA_DESCONOCIDA | Vídeo: El País Vídeo

Ferguson viveu nesta segunda-feira a segunda noite consecutiva de choques entre manifestantes e policiais, mas o ambiente foi muito mais sereno que na véspera. A polícia deteve 23 pessoas nesse subúrbio em Saint Louis (Missouri, Estados Unidos) porque bloquearam a avenida principal dos protestos e lançaram objetos contra os agentes.

Ao contrário da noite anterior, não houve civis nem policiais feridos, disparos ou ataques a lojas, segundo a polícia do condado de Saint Louis, que assumiu o controle da supervisão dos protestos após declarar estado de emergência. Os policiais utilizaram gás pimenta contra um grupo de manifestantes, mas não lançaram gás lacrimogêneo nem balas de borracha como fizeram um ano atrás.

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Durante o dia, cerca de 60 pessoas foram presas, incluindo um conhecido ativista de direitos civis, por atos de desobediência civil em frente a um tribunal federal em Saint Louis. Outras 60 pessoas foram detidas horas mais tarde por bloquear uma rodovia. Os manifestantes celebram o primeiro aniversário da morte em Ferguson de Michael Brown –negro de 18 anos que estava desarmado– por disparos, em circunstâncias confusas, efetuados por um policial branco, que a Justiça exonerou considerando que agiu em defesa própria.

Ao mesmo tempo, o jovem negro ferido a bala pela polícia na noite de domingo continua em estado crítico. As autoridades dizem que Tyrone Harris, de 18 anos, abriu fogo contra quatro agentes à paisana e que estes responderam. Os agentes afirmam que se aproximaram do local porque havia um tiroteio entre dois grupos. No entanto, o pai de Harris –que era amigo de Brown– alega que ele estava desarmado e fugindo da disputa entre os dois grupos. O fato de que os agentes estavam à paisana e sem câmeras de vídeo enfureceu os ativistas. A pouca transparência no caso de Brown alimentou os protestos de um ano atrás.

Sua morte, em 9 de agosto de 2014, desatou uma onda de indignação em Ferguson por simbolizar um padrão de abusos policiais contra a comunidade afro-americana, o que posteriormente foi confirmado por uma investigação federal. E motivou um debate em todo o país sobre as práticas policiais e o tratamento dos negros, fortalecido no último ano com a repetição de casos similares.

O primeiro aniversário é uma espécie de termômetro para os manifestantes e as autoridades de Ferguson

O primeiro aniversário é uma espécie de termômetro para os manifestantes e as autoridades de Ferguson. Serve para medir a capacidade dos primeiros de canalizar sua frustração e isolar seus elementos mais radicais, além de determinar a eficácia dos protestos na sua causa a favor dos direitos dos afro-americanos e contra os abusos da polícia.

Já para as forças policiais e a Prefeitura de Ferguson, a data é um teste para demonstrarem que, um ano depois, melhoraram sua relação com a comunidade afro-americana e agem de um modo mais conciliador. A experiência do último ano indica que os protestos –em agosto, após a morte de Brown, e em novembro, após a exoneração do agente que o matou– tendem a diminuir quando a polícia evita uma mobilização beligerante que provoque os manifestantes.

A maioria da população de Ferguson, de 21.000 habitantes, é negra, mas os brancos ocupam a maioria dos cargos políticos e policiais. A partir da investigação federal, o chefe da polícia local –que era branco– foi obrigado a renunciar (seu substituto temporário é afro-americano), e câmeras de vídeo foram instaladas nos uniformes dos agentes.

Enquanto isso, após as eleições locais, o número de vereadores negros aumentou de um para três em um total de seis. E a Prefeitura limitou a renda obtida através de multas e intimações, que até então afetavam intencionalmente sobretudo a comunidade negra, conforme revelou a análise do Departamento de Justiça.

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