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Com baixa popularidade, Dilma lança site e abre diálogo pela rede

Às vésperas de ato por impeachment, Governo Rousseff lança site para receber propostas

Rousseff no lançamento de programa em Brasília.
Rousseff no lançamento de programa em Brasília. Fernando Bizerra Jr. (EFE)

A presidenta Dilma Rousseff, conhecida pela sua verve prolixa e sua dificuldade de falar sem ler os próprios discursos, surpreendeu quem acompanhou o lançamento de um site na internet que receberá críticas e sugestões às ações do Governo federal, o Dialoga Brasil. Uma Rousseff bem diferente, mais espontânea, e com uma “preparada” fala de improviso, apareceu para uma plateia de 500 pessoas que testemunharam o lançamento do projeto. Parecia um programa de auditório. Em lugar do estático púlpito atrás de um microfone, ela caminhava por um palco, fazia agradecimentos por rosas que foram lançadas a ela, contava 'causos' e interagia com o público – formado por representantes de movimentos sociais e petistas.

Nada de 'dilmês', como foi apelidada a maneira formal e desconexa como ela se comunica muitas vezes em público, repetindo frases e palavras, ou usando expressões que viram pauta humorística no dia seguinte. No mês passado, por exemplo, a presidenta ficou marcada pela saudação à mandioca - “Temos a mandioca e aqui nós estamos e, certamente, nós teremos uma série de outros produtos que foram essenciais para o desenvolvimento de toda a civilização humana ao longo dos séculos. Então, aqui, hoje, eu tô saudando a mandioca, uma das maiores conquistas do Brasil”, disse ela durante a abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, para espanto geral.

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A mudança de postura, recomendada pelas equipes de comunicação e de estratégia política da presidenta, é uma tentativa de se aproximar da população, diminuir as vaias que a acompanham desde o dia 8 de março e melhorar a avaliação de seu Governo. No último levantamento divulgado neste mês, Rousseff atingiu a ínfima marca de 7,7% de aprovação, a pior marca desde o impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992. Além disso, é uma tentativa de minimizar o impacto de manifestações contrárias a ela, como a que está marcada para o próximo dia 16 de agosto e pedirá sua destituição do cargo.

Sua nova forma de comunicação, porém, foi vista de maneira distinta por dois de seus ministros mais próximos, ambos participantes do evento de lançamento. Questionado sobre se havia uma mudança de postura na aproximação com a sociedade José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, disse que não. “Sempre houve esse diálogo. O marco civil da internet é um exemplo disso. Agora há um aprofundamento no diálogo”. Já o ministro da Secretaria-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, respondeu afirmativamente ao mesmo questionamento: “Sim. É uma mudança. A presidenta está muito disposta, liderando esse novo ciclo do nosso país. Nosso país é muito maior do que as dificuldades que vivemos neste momento”.

Abertura parcial

Usar das redes para se comunicar foi a saída encontrada pela equipe da presidenta para driblar os constrangimentos dos protestos populares, num momento em que o ódio ao PT tomou parcelas da população, que fazem barulho na internet com o intuito de constranger integrantes ou ex-integrantes do Governo. No dia do trabalho, em 1º de maio, por exemplo, ela desistiu de fazer um pronunciamento oficial pela TV e o fez apenas na internet. O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, afirmou na ocasião que se tratava de uma valorização das redes sociais, mas sabia-se que o receio do panelaço estava presente.

Apesar de prometer ampliar o debate com a sociedade, nem todas as propostas enviadas pelos internautas para o Dialoga Brasil serão oficialmente respondidas pelo Governo. Haverá uma intermediação da equipe de comunicação e apenas as três que tiverem a maior votação dos usuários do site receberão um posicionamento oficial.

Quem quiser ter uma resposta oficial de algum ministério talvez o consiga por meio dos bate-papos virtuais programados para as próximas semanas. Os primeiros a conversarem com o público são Arthur Chioro (Saúde), Tereza Campelo (Redução da Pobreza), Renato Janine Ribeiro (Educação) e José Eduardo Cardozo (Justiça).

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