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Santos ordena a suspensão dos bombardeios contra as FARC

Presidente da Colômbia adota a medida cinco dias após início do cessar-fogo da guerrilha

Santos (dir.), na segunda-feira, com o presidente do Congresso.
Santos (dir.), na segunda-feira, com o presidente do Congresso.M. DUEÑAS (EFE)

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ordenou no sábado à noite a suspensão dos bombardeios a acampamentos das FARC. A decisão foi tomada duas semanas depois de o Governo e a guerrilha entrarem em acordo para acelerar as negociações em andamento em Havana e reduzir a intensidade do conflito. Na segunda-feira teve início a trégua unilateral anunciada pelas FARC. A medida de Santos, que não tem prazo delimitado, é a primeira decisão do Governo nesse âmbito.

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"Dei a ordem de suspender a partir de hoje os bombardeios aéreos a acampamentos onde haja concentração de membros dessa organização. Esse tipo de bombardeio só poderá ser efetuado por ordem explícita do presidente”, anunciou Santos durante um ato comemorativo da Marinha, em Cartagena. O presidente afirmou que sua ordem é uma resposta à decisão da guerrilha de iniciar um cessar-fogo. “Concordamos em ir desescalando o conflito. Quero dizer, ir apagando pouco a pouco o fogo. O que isso significa em termos reais? Menos mortes, menos sofrimento”, continuou Santos.

Trata-se da segunda vez que o presidente colombiano toma essa decisão – a primeira também foi como resposta a uma iniciativa prévia das FARC, embora desta vez o tempo transcorrido tenha sido menor. Em março, três meses depois de a guerrilha iniciar um cessar-fogo, o presidente também ordenou a suspensão dos bombardeios, uma iniciativa que ele revogou um mês depois, após um ataque da guerrilha ter matado 11 militares no departamento de Cauca. A resposta do Governo, que matou uma vintena de guerrilheiros, levou as FARC a encerrarem o cessar-fogo unilateral no final de maio e iniciarem uma escalada de atentados, que terminou na segunda-feira.

Junho foi o mês com mais ataques registrados desde o início das negociações em Havana, em 2012. Esse fato, unido ao escasso respaldo da opinião pública ao processo de paz, forçou ambas as partes a acelerar as negociações. De fato, Santos fixou o final de novembro como a data-limite para decidir se segue em frente com o processo.

O objetivo do Governo com essa desescalada do conflito é tornar mais ágeis as negociações em Havana, especialmente no que diz respeito à questão da justiça, a mais emperrada de todas. O presidente insistiu nas últimas semanas em que esse será “o grande desafio” dos negociadores, pois a guerrilha terá de aceitar algum tipo de pena de privação da liberdade. Se for conseguido esse avanço, o Governo está disposto a adotar um cessar fogo bilateral e definitivo antes da assinatura final, algo com que, em princípio, não se contava.

Santos deixou claro que a suspensão dos bombardeiros será mantida desde que os acampamentos guerrilheiros cumpram com as seguintes condições: “Se estiverem distantes das áreas urbanas, se não constituírem ameaça para a população ou a força pública e se não puserem em perigo a infraestrutura ou desenvolverem atividades de proselitismo”.

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