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Trio da Camargo Corrêa irá à prisão e PF indicia Marcelo Odebrecht

Executivos de empreiteira, que pagarão multa, são os primeiros sentenciados da Lava Jato

G. A.
Dalton Avancini durante depoimento à CPI da Petrobras.
Dalton Avancini durante depoimento à CPI da Petrobras.Wilson Dias (AgBr)

Os desdobramentos da Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras, aprofundaram o estrago de imagem nas construtoras Camargo Corrêa e Odebrecht, duas da maiores do país nesta segunda-feira. Depois de mais de 14 meses após o início da Operação Lava Jato, o juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, condenou três ex-integrantes da cúpula da empreiteira Camargo Corrêa à prisão e a pagar multa em torno de 7 milhões de reais pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Eles deverão cumprir pena em regime domiciliar por terem assinado acordo de delação premiada: entregar envolvidos em troca de benesses no veredito. Em outra ponta da investigação, a Polícia Federal indiciou Marcelo Odebrecht, da família controladora da conglomerado do mesmo nome, e mais cinco pessoas ligadas ao grupo empresarial por suspeita de envolvimento no esquema de desvios na estatal.

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De acordo com o magistrado, Dalton Avancini, ex-diretor da Camargo Correa, e os executivos Eduardo Leite e João Auler – todos demitidos no início do ano – pagaram 50 milhões de reais em propinas ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa para conseguir contratos nas obras da obras da Refinaria de Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e da Refinaria Abreu e Lima), em Pernambuco.

Por causa da delação premiada, as penas de Avancini e Leite, condenados a 15 anos e dez meses de prisão, foram convertidas em um ano no regime domiciliar, com tornozeleira eletrônica. Após este período, eles ficarão ao menos dois anos em regime semiaberto diferenciado (no qual terão que dormir em casa). O ex-diretor da empresa também terá de pagar multas que totalizam 3,7 milhões de reais. Auler terá de cumprir 9 anos e seis meses de prisão no regime fechado – além de multa de 288.000 reais.

No caso de Marcelo Odebrecht, preso na sede da Polícia Federal em Curitiba desde o mês passado, a PF aponta supostas irregularidades também na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A polícia pede a extensão da prisão preventiva dos executivos da construtora. Em nota, a empresa disse que já esperava o indiciamento e diz que esperam oportunidade para exercer "plenamente" o direito de defesa.

Mais condenações

Na mesma sentença, Sérgio Moro condenou  Paulo Roberto Costa a seis anos de prisão em regime aberto. É a segunda condenação do ex-diretor da Petrobras no processo: em abril ele foi condenado a sete anos e dois meses de prisão. O doleiro Alberto Youssef também foi condenado novamente, desta vez a oito anos e quatro meses de prisão. Com os dois são delatores do esquema e assinaram acordos com a Justiça, suas penas foram reduzidas. Yousseff e Costa, além do pagamento de multas, terão os bens confiscados até que se alcance o valor de 50 milhões.

O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido com Careca, que, de acordo com a sentença, intermediou a entrega do dinheiro para diretores da Petrobras a mando de Youssef, foi condenado a 11 anos e dez meses de prisão, e multa de 285.000 reais. Careca é um dos réus da Lava Jato que teria citado o nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como um dos que recebiam propina das empresas. Na semana passada o delator Julio Camargo afirmou que o peemedebista pediu 5 milhões de dólares para viabilizar contratos com a estatal petroleira. Ele negou as acusações, e chamou Camargo de “mentiroso”.

Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades de Dilma Rousseff Mário Negromonte, foi absolvido por Moro das acusações de pertencer a uma organização criminosa e lavagem de dinheiro.

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