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Bancos gregos reabrem suas portas depois de 21 dias fechados

A volta à normalidade bancária é possível graças ao aumento do resgate do BCE

María Antonia Sánchez-Vallejo
Fila em uma agência bancária em Atenas.
Fila em uma agência bancária em Atenas.ARIS MESSINIS (AFP)

A reabertura dos bancos gregos depois de três semanas fechados provocou algumas filas na primeira hora da manhã da segunda-feira, diluídas em seguida com o funcionamento normal das agências e com o considerável aumento da temperatura, que torna asfixiante a espera em pleno sol do lado de fora. A manutenção do controle de capital, com um máximo de 60 euros por pessoa por dia, agora acumulável semanalmente, e o limite às operações bancárias —só podem ser feitas operações básicas, pagamento de contas, contribuições e transferências internas— levou às portas das agências mais clientes empresariais do que particulares, sobretudo no centro de Atenas. Só os proprietários de cofres, cujo conteúdo pode ser recuperado a partir desta segunda-feira, chegaram de forma mais discreta, em alguns casos com hora marcada por telefone.

A volta à normalidade bancária é possível graças ao aumento de 900 milhões da linha de emergência do Banco Central Europeu (BCE). Graças também ao crédito-ponte de 7 bilhões de euros oferecido semana passada pelo Eurogrupo, as autoridades gregas poderão cumprir o prazo de devolução de 3,5 bilhões, mais 700 milhões de juros, ao BCE, que vence nesta segunda-feira. A Grécia ainda tem pendente o pagamento ao Fundo Monetário Internacional de 1,5 bilhão, em juros, desde 30 de junho passado.

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María, dona de uma loja de sandálias em pleno núcleo turístico da cidade atrasou a abertura de seu estabelecimento para pagar todas as contas atrasadas no banco. “Durante o corralito continuamos cobrando com cartão, e por isso felizmente não tenho problemas de fundos, a temporada está boa. O grande problema nestas três semanas foi não ter podido fazer pagamentos a fornecedores, nem cumprir os prazos de empréstimos e créditos. Felizmente, este ano temos quase um mês a mais de prazo para pagar a Fazenda”, explicava na saída da agência. “Além disso, não me preocupa tanto recuperar a normalidade bancária, que obviamente ajuda a restaurar a confiança, mas o aumento do IVA a partir de hoje. Isso sim é que vai nos prejudicar”. O transporte e a alimentação serão especialmente afetados, pois serão tributados em 23%.

Yanis, contador de uma empresa de locação de automóveis, saía de um banco com um envelope cheio na mão. “Dinheiro? Não, não, melhor deixar no banco... São todos os recibos e promissórias pendentes há três semanas... As operações e os gastos básicos conseguimos continuar fazendo eletronicamente, mas ficamos com muitas dívidas acumuladas de planos de leasing e um frete de 10 carros que tínhamos acabado de receber quando os bancos fecharam” de uma importante concessionária de automóveis da cidade. As operações e transferências ao exterior continuarão limitadas, exceto por exemplo o envio de dinheiro a familiares ausentes, com um máximo de 5.000 euros.

Apesar de os controles de capital continuarem vigentes, com os mesmos limites para a retirada de dinheiro —60 euros por pessoa e conta por dia, agora acumuláveis até 420 por semana—, a reabertura dos bancos traz um pouco de normalidade a uma economia em ponto morto: perdas estimadas em cerca de 3 bilhões de euros, entre 1,8 bilhão de importações paralisadas, 240 milhões em exportações e cerca de 600 milhões no pequeno e médio comércio, que viu cair em 70% seu volume de negócios apesar do início, na semana passada, do período de liquidações. Além disso, segundo a Câmara do Comércio e Indústria de Atenas, neste período ficaram em suspenso um total de 6 bilhões de euros em transações comerciais, com 4.500 contêineres de matérias-primas e produtos industrializados retidos na alfândega.

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