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Quatro militares assassinados em um tiroteio em Chattanooga, Tennessee

O agressor tinha sido identificado como norte-americano de origem kuwaitiana

Silvia Ayuso
Homenagem às vítimas do ataque.
Homenagem às vítimas do ataque. John Bazemore (AP)

Um tiroteio contra duas instalações militares em Chattanooga, no Estado do Tennessee, nos Estados Unidos, deixou nesta quinta-feira um saldo de cinco mortos: quatro militares e o agressor, abatido a tiros, que o FBI identificou como Muhammad Youssef Abdulaziz, de 24 anos. Segundo a mídia norte-americana, é um homem nascido no Kuwait mas naturalizado americano, e morava na região em que executou o ataque.

O FBI não encontrou relações entre o atirador e organizações terroristas internacionais. Os investigadores ainda estão procurando os motivos do ataque perpetrado na última hora da manhã contra os dois centros militares. A página Site Intelligence Group, especializado na análise de mensagens extremistas, disse que Abdulaziz mantinha um blog no qual escreveu esta semana pelo menos duas mensagens relacionadas ao islã. Em uma descrevia também sua vida como “curta e amarga”. Também afirmou que os muçulmanos não deveriam “perder a oportunidade de entregar-se a Alá”, como destacou o The New York Times.

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A procuradora-geral do país, Loretta Lynch, deu ordem para uma “investigação de segurança nacional”, que será comandada pelo FBI e da qual participarão várias agências, incluídos o Departamento de Justiça e a comunidade de inteligência, para esclarecer esse “odioso ataque contra militares”.

Os acontecimentos foram acompanhados de perto durante todo o dia pelo presidente Barack Obama, que passou boa parte do dia em Oklahoma. Ao voltar à Casa Branca, e depois de ser atualizado pessoalmente pelo diretor do FBI, James Comey, e por sua equipe de segurança, Obama afirmou em pronunciamento no Salão Oval que tudo aponta para que o agressor tenha agido sozinho, mas anunciou que a vigilância de todas as instalações militares do país aumentou “até que saibamos o que aconteceu”.

“Não se determinou se foi um ato de terrorismo ou um ato criminoso”, disse o agente especial do FBI designado para o caso, Ed Reinhold, à imprensa. No duplo ataque, três pessoas ficaram feridas. São um policial, um marine e um marinheiro, segundo confirmou a Marinha à noite. O procurador federal do Tennessee, Bill Killian, disse no mesmo depoimento que o caso estava sendo tratado como um ato de “terrorismo interno” até que se provasse o contrário, mas logo moderou suas palavras.

Segundo a agência Reuters, fontes da investigação afirmaram que se estava investigando se o ataque poderia ter sido inspirado pelo Estado Islâmico ou por outro grupo terrorista. Até o momento, porém, ainda que em algumas contas em redes sociais associadas a grupos extremistas o ataque estivesse sendo comemorado, nenhuma organização extremista tinha assumido sua autoria, destacou a diretora do Site, Rita Katz. Abdulaziz além disso não parecia estar no radar das autoridades norte-americanas que rastreiam as redes em busca de possíveis contatos extremistas.

Além disso, o secretário de Segurança Nacional, Jeh Johnson, pediu “cautela” diante da grande quantidade de “informações sem confirmação e provavelmente falsas” sobre o incidente. No entanto, anunciou que também aumentou o nível de segurança em alguns edifícios federais, “por precaução”.

Os tiroteios aconteceram em um escritório da Marinha e em um centro de recrutamento, confirmou o Pentágono. As duas instalações estão a cerca de dez quilômetros de distância entre si. O agressor, segundo várias testemunhas citadas pela CNN, estava armado com um fuzil e primeiro abriu fogo de um carro conversível contra o centro de recrutamento, situado junto a um centro comercial. Depois, dirigiu-se no veículo até o outro edifício, um centro compartilhado pela Marinha e pelo Marine Corps ao qual os reservistas vão para fazer treinamentos. Foi nesse segundo tiroteio que Abdulaziz matou os quatro marines. O Pentágono, que confirmou o número de vítimas, não deu mais detalhes sobre suas identidades até que as famílias sejam informadas e se tenha mais dados sobre o ataque. As autoridades condenaram o ato.

“Um ataque em casa, em nossa comunidade, é insidioso e fora de proporção”, afirmou o secretário da Marinha, Ray Mabus, em um comunicado. Também o chefe do Pentágono, Ash Carter, enviou suas condolências aos familiares das vítimas desse “ato de violência sem sentido”. “É devastador que pessoas que servem seu país morram dessa maneira”, concordou Obama.

O chefe da polícia local de Chattanooga, Fred Fletcher, tinha descrito o ataque contra os marines como “brutal e vergonhoso”. O agressor estava fortemente armado, acrescentou. Imagens dos centros atacados mostravam vários buracos de bala nos vidros e no interior dos recintos atacados.

Várias horas após o ataque, o motivo continuava sendo um mistério, ainda que pouco a pouco se sabia mais sobre seu autor, um jovem que segundo a agência AP se formou em engenharia elétrica na Universidade de Chattanooga em 2012 e que também concluiu os estudos secundários na região. A casa onde acredita-se que vivia o agressor foi revistada e duas mulheres foram retiradas do local algemadas. Uma mulher que frequentou o mesmo estabelecimento de ensino que Abdulaziz disse ao jornal local Chattanooga Times Free Press que ele era um jovem “amável e divertido” que parecia vir de uma “família normal de Chattanooga”.

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