_
_
_
_
_

O menino que sonha em ser o Cristiano Araújo quando crescer

Rogerinho Costa é a estrela mirim do sertanejo em Goiânia Com apenas 11 anos, realiza shows todas as semanas e já grava seu primeiro disco

F. B.
O cantor de sertanejo, Rogerinho Costa.
O cantor de sertanejo, Rogerinho Costa.Facebook

Rogerinho Costa é a grande estrela mirim do sertanejo em Goiânia. Com apenas 11 anos, seu nome já circula entre fãs e artistas deste estilo musical —e todos coincidem que o garoto terá um grande futuro pela frente. Foi tudo muito rápido: com oito anos, influenciado pelo seu avô —que canta e toca viola— e incentivado pelo pai Rogério a buscar uma ocupação fora da escola que no futuro também lhe pudesse servir de profissão, Rogerinho pediu para tocar um instrumento. "Entrei na aula de viola, mas durante mais de um ano só sabia tocar modão [música sertaneja de raiz]. E eu queria aprender Jorge e Mateus!", conta. Finalmente começou a ter aula particular, a tocar as músicas que queria, a fazer pequenas participações em barzinhos, a ter pequenos compromissos... Quando percebeu, estava participando do projeto itinerante Goiás Gira Arte (do Governo do Estado), fazendo participações em vários shows e festivais do interior. Hoje, sonha em ser como seu ídolo Cristiano Araújo quando crescer.

Mais informações
Cristiano Araújo, o cantor que ninguém conhecia, exceto milhões
Morte do cantor Cristiano Araújo comove as redes sociais
Chico Buarque: “A música brasileira não exclui, assimila”
Você conhece o ‘pop tropical’?
No Brasil, o palco é das mulheres

Vestindo uma calça justa com bolhinhas brancas, uma camisa jeans azul e um terço pendurado, pega o violão com a segurança de um adulto, aperta o lenço verde no pescoço, ajeita o cabelo espetado para cima e toca os primeiros acordes:

—Sei que seu coração falou de mim... Sei que ele falou que eu tô fazendo falta... Ele falou também que sem mim tá difícil...  As noitadas e os amigos não tão ajudando... [Maus Bocados, Cristiano Araújo]

"A música dele é um estouro!", diz o pai todo orgulhoso. Quando viu que Rogerinho gostava do que estava fazendo, passou a conciliar o trabalho em sua empresa com o gerenciamento da carreira do filho. "Depois dessas participações, resolvei montar uma banda para ele, com dois violonistas, um baixista, um baterista e um tecladista. É difícil, viu? O que entra de dinheiro ainda não paga as despesas e já cheguei a pagar 1.500 reais por show. Por enquanto estou só gastando. Mas é um investimento que faço por ele".

Cristiano Araújo e Rogerinho Costa.
Cristiano Araújo e Rogerinho Costa.

Rogerinho, inquieto e espontâneo, está no sétimo ano da escola ao mesmo tempo que faz shows e participações especiais em Goiânia e grava seu primeiro disco. Admite que é difícil conciliar as duas atividades, mas assegura que os professores vêm sendo bastante compreensivos. "Quando tenho show à noite, posso faltar a aula de manhã e repor à tarde, ou fazer a prova em outro dia", conta. E afirma ter um plano B: fazer uma faculdade de música para ser professor, caso sua carreira não emplaque. "Por enquanto não atrapalha os estudos dele, é o segundo melhor aluno da série", conta o pai, mais uma vez todo orgulhoso.

A principal referência do menino é o cantor Cristiano Araújo, que morreu na última quarta-feira em um acidente de carro. Conheceu ele há alguns anos, depois de um show. "Peguei meu violãozin, coloquei debaixo do braço e fui pra fila do camarim. Quando cheguei perto, minha perna gelou! Aí ele me pediu para tocar alguma coisa e cantei Cê que sabe". Muito tempo depois, durante a gravação de um DVD do artista junto com a dupla Jorge e Mateus, voltou a entrar no camarim. E dessa vez, ficou mais de meia hora cantando e tocando com eles.

Em maio do ano passado, Rogerinho novamente foi ver seu ídolo no palco, na feira de pecuária de Goiânia. Mas dessa vez, chegou com a esperança de fazer uma participação especial no show. Um amigo em comum havia levantado essa possibilidade; ao chegar, no entanto, lhe disseram que não havia nada confirmado. Mas já que estavam ali, seu pai decidiu se aproximar do palco para "ver no que dava". Sentado em seus ombros, Rogerinho ficou então visível para Araújo. "De repente ele disse: 'aquele menino de verde! Sobe pra cá!' Nossa, aquilo pra gente foi uma emoção tão grande! Ele subiu e fez uma festa!".

Rogerinho ainda não faz show fora de Goiás. Se apresenta em bares, shoppings e boates de Goiânia e do interior, mas ainda não possui uma agenda apertada de show —mas toda semana tem pelo menos um compromisso. Faz aula de canto e progride ao seu ritmo. Tinha agendado um encontro com Araújo e o pai dele, "seu João", para discutir uma forma da Efeitos Produções (escritório familiar que gerenciava a carreira de seu ídolo) ajudar em sua carreira. A tragédia da última quarta adiou tudo.

Ainda não é super famoso, mas "a coisa está fluindo", diz seu pai. Já começa a sentir na pele o assédio de seus admiradores.

—Já teve gente me apertando, beliscando minha bochecha até doer!

—Como é com os fãs?

—Fã é diferente, esse povo é doido!

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_