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Após atentado terrorista em Sousse, Tunísia fechará mesquitas salafistas

Primeiro-ministro anuncia medidas contra os que "disseminam o veneno" do jihadismo

Um policial, ao lado de duas vítimas do ataque terrorista de sexta-feira em Sousse.
Um policial, ao lado de duas vítimas do ataque terrorista de sexta-feira em Sousse.EFE

Apenas um dia depois do atentado que causou a morte de 38 pessoas em um complexo turístico da cidade de Sousse, o primeiro-ministro tunisiano, Habib Essid, anunciou o fechamento de cerca de 80 mesquitas de linha salafista por disseminarem o “veneno jihadista”. Consciente de que o turismo é a maior fonte de receitas do país, o chefe do Governo anunciou uma série de medidas contra o terrorismo, que incluem o posicionamento de reservistas do Exército nos pontos turísticos e arqueológicos.

Dez das 38 vítimas já foram identificadas. Trata-se de oito britânicos, um belga e um alemão, segundo informou o diretor do departamento de Serviços de Emergência, Naoufel Somrani. Outras 39 pessoas, de nacionalidade britânica, alemã e belga, ficaram feridas no atentado.

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Essid disse neste sábado que reservistas do Exército serão enviados para os lugares com sítios arqueológicos e complexos turísticos para evitar que se repitam atentados como o de sexta-feira em Sousse ou como o que em março tirou a vida de 22 pessoas, entre as quais dois espanhóis, no museu do Bardo, na capital do país.

Segundo explicou o primeiro-ministro, em torno de 80 mesquitas em mãos de clérigos salafistas, que ele acusou de “disseminar o veneno”, serão fechadas no prazo de uma semana. Em uma entrevista à imprensa, Essid disse que algumas mesquitas fora do controle do Governo estão fazendo propaganda para “promover o terrorismo”. Também anunciou medidas contra partidos e grupos que “atuam fora da Constituição”, embora não tenha especificado se estava ameaçando proscrevê-los ou apenas fazendo meras advertências.

As operadoras de turismo do Reino Unido já começaram a retirar os turistas que passavam férias na Tunísia. Centenas deles, na maioria britânicos, mas também franceses, já abandonaram o país. As empresas britânicas Thomas Cook e First Choice confirmaram que alguns de seus clientes morreram ou ficaram feridos, e especificaram que cerca de 2.500 turistas serão repatriados.

A operadora turística Thomson informou que tem dez voos programados de Túnis para quatro aeroportos do Reino Unido (o de Londres/Gatwick; Manchester; East Midlands e Doncaster). As empresas também indicaram que todas as viagens para a Tunísia previstas para a próxima semana foram canceladas. A ministra do Turismo, Selma Elloumi, qualificou na sexta-feira o ataque em Sousse como uma catástrofe econômica. O país ainda sofre as consequências econômicas do atentado ao museu do Bardo.

Um porta-voz da rede hoteleira RIU confirmou que entre os feridos e mortos no atentado na Tunísia não há espanhóis, informa Andreu Manresa. Os dados da empresa coincidem com os que divulgaram as autoridades. Na sexta-feira, quando ocorreu o atentado, o hotel Imperial Marhaba contava 565 hóspedes – 77% de sua ocupação—, que estão sendo retirados. Oito trabalhadores do hotel ficaram feridos, dos quais sete tiveram alta. Um deles continua internado. A maioria dos empregados da rede, seguindo a política da empresa, sempre é contratada no local, informa o porta-voz. A RIU, que tem 10 hotéis na Tunísia, ofereceu aos hóspedes a possibilidade de sair do país, se assim desejarem.

Prisões no Kuwait

Depois do atentado de sexta-feira em uma mesquita xiita, que tirou a vida de 27 pessoas no Kuwait, as autoridades prenderam o dono do veículo usado pelo terrorista suicida, segundo informa a EFE, citando a agência oficial Kuna. No entanto, a polícia continua em busca do condutor do carro, que fugiu da área depois de deixar seu companheiro perto do templo em que ocorreu o atentado.

Além disso, as forças de segurança kuwaitianas prenderam “várias pessoas” suspeitas de estar envolvidas no ataque, segundo informou uma fonte do setor de segurança neste sábado. “Procedemos à prisão de numerosos suspeitos de manter laços com o terrorista suicida”, afirmou a fonte. O ramo saudita do Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque, no qual ficaram feridas mais de 200 pessoas.

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