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TelexFree, WishClub e Unetenet: golpes descobertos pelo EL PAÍS

Investidores no mundo inteiro perderam mais de 2,45 bilhões de reais

O pai da moeda virtual 'unete', José Manuel Ramírez Marco.
O pai da moeda virtual 'unete', José Manuel Ramírez Marco.EL PAÍS

As empresas de investimento TelexFree, WishClub e Unetenet enganaram mais de um milhão de pessoas no mundo inteiro desde 2012. São investidores que perderam mais de 700 milhões de euros (2,45 bilhões de reais). Usando o chamariz de rentabilidades de até 265% ao ano, essas empresas do chamado setor multinível desembarcaram com força na Espanha quebrada pela crise. Ganhar dinheiro colocando anúncios na rede e lucrar com uma suposta moeda virtual foram as táticas de sedução. Seus clientes pagaram até 50.000 euros (174.714 reais) para participar das supostas fórmulas do sucesso. A maioria perdeu tudo em um negócio recomendado por amigos e familiares ou em apresentações lotadas à maneira americana onde sucediam-se as imagens de viagens exóticas e carros de luxo.

Por trás da promessa de dinheiro fácil à base de clics, possivelmente escondem-se esquemas piramidais Ponzi, como o manipulado pelo financista Bernard Madoff em Wall Street até 2008. As três empresas multinível descobertas pela seção de investigação do EL PAÍS agiam dessa forma.

O cantor Antonio Rivas, promotor da TelexFree na Espanha.
O cantor Antonio Rivas, promotor da TelexFree na Espanha.EL PAÍS

TelexFree, a cobiça como lema. Em julho de 2012 o cantor espanhol Antonio Rivas agiu como embaixador na Espanha dessa empresa multinível radicada em Massachusetts. A companhia arregimentou mais de 50.000 espanhóis com a promessa de um retorno de mais de 200% ao ano. Os aspirantes a milionário deveriam copiar e colar anúncios classificados durante 10 minutos ao dia.

A fraude planetária chegou a 730 milhões de euros (2,55 bilhões de reais) e cooptou um milhão de investidores. Seus tentáculos se estenderam como pólvora pelo Brasil (240.000 vítimas) e República Dominicana (150.000). A farsa foi desmontada quando o FBI entrou nos minúsculos escritórios de Massachusetts e o regulador da Comissão da Bolsa e Valores dos EUA (SEC na sigla em inglês) desmontou o que se revelou um monumental golpe piramidal.

O representante do WishClub na Espanha, Rogério Alves da Silva.
O representante do WishClub na Espanha, Rogério Alves da Silva.EL PAÍS

WishClub, o império de Rogério. O jovem brasileiro Rogério Alves da Silva era o rosto amável do WishClub na Espanha, uma empresa multinível que prometia lucros na divulgação de anúncios na internet e na distribuição de uma revista. A companhia apareceu em Madri em junho de 2014. Alves havia abandonado seu país natal meses antes depois da Promotoria de Minas Gerais fechar por suposta fraude piramidal sua empresa BlackDever, que movimentou 24 milhões de euros (83,9 milhões de reais). Após a investigação do EL PAÍS, a Polícia Nacional espanhola acusou o WishClub por suposto crime de fraude. De seus modernos escritórios no município madrilenho de Alcobendas (hoje fechados), a empresa amealhou 70.000 investidores de 52 países. Uma parte do organograma do WishClub opera hoje através da marca BNG International.

O pai da moeda virtual 'unete', José Manuel Ramírez Marco, com sua mulher, Pilar Otero, em Dubai.
O pai da moeda virtual 'unete', José Manuel Ramírez Marco, com sua mulher, Pilar Otero, em Dubai.EL PAÍS

Unetenet, o golpe da moeda virtual. O unete, uma suposta moeda cibernética, seduziu investidores de uma dezena de países. José Manuel Ramírez Marco, pai dessa inciativa livre do controle de governos e bancos centrais, recebeu 50 milhões de euros (174,6 milhões de reais) de pequenos investidores. Seu sistema apresentava-se como uma alternativa ao capitalismo financeiro. A Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV), em março de 2009, disse que a empresa ligada a Ramírez System World Investment, que operava com a marca da Dextraplus, era uma companhia de serviços de investimento ilegal. E o pai do unete realizou investimentos no Panamá com Germán Cardona Soler, conhecido como o Madoff de Valencia por uma fraude piramidal que sumiu com 300 milhões de euros (1,05 bilhão de reais) de 100.000 investidores.

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