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Sete argumentos (com números) para calar a boca de Donald Trump

Investimento, cultura, população e a própria geografia desmentem as ofensas do magnata norte-americano sobre o México

Jan Martínez Ahrens
Donald Trump anuncia sua candidatura, na terça-feira, 16 de junho.
Donald Trump anuncia sua candidatura, na terça-feira, 16 de junho.Drew (AP)

Nem Donald Trump representa os Estados Unidos, nem os narcotraficantes representam o México. Longe dos estereótipos, a relação entre os dois países é profunda e mutuamente benéfica. As ofensas do magnata norte-americano pedindo um muro de contenção para frear seus vizinhos, por serem "vagabundos e perigosos", entram na esfera da demagogia xenófoba e não resistem à menor análise. Aqui vão sete argumentos para fechar a boca dos Trumps de plantão. São números.

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O teste do dinheiro. Não há melhor termômetro da confiança que o dinheiro. Pois bem, entre 1999 e 2012, os Estados Unidos investiram 153 bilhões de dólares no México. Essa grande entrada de dinheiro representou 50% do investimento direto no país. Ninguém investiu mais no mundo. Ninguém, portanto, confiou mais. Exceto Trump, claro.

O que pensam Bill Gates, Ford e Walmart do México. Não conta apenas o capital. Também quem o traz. Os Estados Unidos, paraíso dos grandes mercados, levou ao México seus mais altos representantes empresariais. Aí estão a Microsoft, com um investimento de 2,25 bilhões de dólares, Ford (2,1 bilhões), GM (1,34 bilhão) e Walmart (1,28 bilhão). Todos colocaram seu dinheiro e seu prestigio (e também alguns escândalos) em terras mexicanas. Em comparação com esses gigantes, o império de Trump é fichinha. Em quem você confiaria?

Mais que amigos, sócios. Não há nada melhor que uma boa relação comercial. Não só os dois países pertencem ao Tratado de Livre Comércio da América do Norte, mas o México é o segundo sócio comercial dos Estados Unidos e o primeiro destino das exportações da Califórnia, Arizona e Texas, além do segundo mercado para outros 20 estados. Aproximadamente seis milhões de empregos nos EUA dependem do comércio com o México e a cada minuto um milhão de dólares é comercializado. Alguém acredita que o México só manda estupradores e traficantes como pretende Trump?

Estados Unidos Mexicanos. O México sente uma verdadeira paixão por seu vizinho do norte. Não só envia 80% de suas exportações, mas também o melhor de sua população. Dos quase 12 milhões de mexicanos que vivem fora do país, 97,8% está nos Estados Unidos. O número é 250 vezes mais alto que a dos mexicanos que vivem na Espanha. Mas não contam apenas os migrantes. Mais importante ainda são seus filhos. Em 2012, calculava-se que 34 milhões de mexicanos e seus familiares viviam no país de Donald Trump. São 11% da população nacional. Não são suficientes para acabar com qualquer preconceito?

Mais cultos, mais preparados. A população mexicana nos Estados Unidos não se ajusta ao perfil criado por Trump. Os mexicanos que vivem no país formam um grupo ativo e lutador que está sempre avançando. Se em 1990 só 25% tinha se formado no ensino médio, duas décadas depois já eram 41%. E hoje em dia, apesar dos problemas de qualquer grande migração, 2/3 falam perfeitamente inglês e quase a metade dispõe de casa própria.

A língua comum. Trump lançou insultos em inglês. Um idioma que chegou mais tarde que o espanhol nas terras norte-americanas. Hoje em dia, mais de 53 milhões de pessoas falam espanhol nos Estados Unidos. Não só é a segunda língua nos EUA, a comunidade que fala espanhol é a segunda maior do mundo, somente atrás do México. Não é algo que pertence aos outros. O idioma e sua cultura já fazem parte essencial dos Estados Unidos.

Unidos para sempre. As fronteiras, por mais que Trump se empenhe, são pontos de união. No caso dos Estados Unidos e do México, com 3.142 quilômetros, é uma das maiores do planeta. Dificilmente algum muro poderá impedir a corrente humana que gera esse imenso território comum (2.670.000 de quilômetros quadrados e 87 milhões de habitantes), com uma fronteira pela qual cruzam, a cada dia, um milhão de pessoas e 300.000 veículos. Quem dá mais?

*Os dados foram fornecidos pela Embaixada dos EUA no México, a Secretaria de Relações Exteriores, FMI e Pew Research.

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