_
_
_
_
_
Relações exteriores

Estados Unidos e Venezuela mantêm diálogo discreto

Altos funcionários voltaram a se reunir no Haiti para discutir reaproximação

Silvia Ayuso
Thomas Shannon, Delcy Rodríguez e Diosdado Cabello.
Thomas Shannon, Delcy Rodríguez e Diosdado Cabello.CHANCELARIA DA VENEZUELA

Washington e Caracas continuam procurando discretamente uma aproximação apesar da crise bilateral, agravada desde março pela decisão norte-americana de impor sanções a altos funcionários venezuelanos e declarar Caracas como uma “ameaça” à sua segurança nacional.

A nova tentativa ocorreu no sábado em Porto Príncipe, onde altos funcionários venezuelanos e norte-americanos aproveitaram uma reunião sobre ajuda internacional ao Haiti para manter um encontro bilateral, segundo relato de ambas as partes no domingo.

O encontro de uma hora tinha como objetivo o restabelecimento das relações, segundo Caracas. Uma porta-voz do Departamento de Estado confirmou o encontro, mas não quis dar detalhes sobre seu conteúdo.

Mais informações
Obama decreta novas sanções contra altos funcionários da Venezuela
EUA investigam ‘número dois’ do chavismo por tráfico de drogas
Nicolás Maduro oferece a Barack Obama um diálogo condicionado
Maduro anuncia que exigirá visto aos cidadãos dos Estados Unidos

Participaram da reunião a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, e o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. A imprensa dos EUA informou em maio que a Justiça norte-americana estaria investigando Cabello, número dois do chavismo, por suposto envolvimento com narcotráfico e lavagem de dinheiro – uma acusação que motivou uma nova onda de críticas de Caracas a Washington.

No encontro do Haiti, os EUA foram representados por Thomas Shannon, assessor especial do Departamento de Estado, que já havia viajado em abril a Caracas, às vésperas da Cúpula das Américas no Panamá, para abrir uma via de diálogo que está sendo mantida até agora.

No Panamá, os presidentes Barack Obama e Nicolás Maduro conversaram rapidamente, num encontro informal nos corredores da reunião continental.

Altos representantes da Venezuela e dos Estados Unidos voltarão a se encarar nesta segunda-feira e terça-feira em Washington, onde tem lugar a 45ª. Assembleia Geral da Organização de Estados Americanos (OEA).

A chanceler venezuelana ainda não confirmou presença, mas seu adjunto para a América do Norte, Alejandro Fleming, já se encontra na capital norte-americana. O Governo dos EUA, por sua vez, confirmou que a sua delegação será encabeçada pelo número dois do Departamento de Estado, Anthony Blinken, já que o secretário de Estado, John Kerry, está se recuperando de um acidente.

Embora a Venezuela não conste na pauta oficial da reunião, não se descarta que a crise política no país seja discutida nos corredores e em reuniões bilaterais. Às vésperas da reunião, altos funcionários dos EUA manifestavam a jornalistas sua esperança de que o novo secretário-geral do organismo interamericano, Luis Almagro, assuma um papel de maior destaque nos esforços conjuntos com a Unasul e outras organizações regionais “para apoiar a democracia e os direitos humanos na Venezuela”.

O próprio Almagro anunciou nesta semana, via Twitter, a disposição da OEA de “se unir à observação eleitoral na Venezuela, se o Governo de Nicolás Maduro aceitar”.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_