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China participará do programa de investimento da União Europeia

Os bancos chineses têm interesse em projetos de telecomunicações e de tecnologia

Alicia González
O presidente chinês, Xi Jingping, e o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, na reunião do G20, na Austrália.
O presidente chinês, Xi Jingping, e o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, na reunião do G20, na Austrália.Yao Dawei (Xinhua)

A China fará um investimento de vários bilhões de euros no novo fundo europeu de infraestruturas promovido pela Comissão Europeia e tornará isso público, de acordo com a Reuters, em uma cúpula a ser realizada no fim de junho em Bruxelas, com a participação do primeiro-ministro chinês Li Kequiang. A decisão acontece depois que vários países europeus concordaram em participar como parceiros no capital do novo Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (AIIB, na sigla em Inglês), apesar da oposição expressa dos Estados Unidos. Pequim prossegue assim com sua peculiar diplomacia financeira.

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O valor final do investimento ainda não foi determinado, mas um diplomata europeu citado pela agência diz que a contribuição chinesa será de “bilhões”, embora os detalhes devam ser definidos em outra reunião a ser realizada em setembro.

Porta-vozes da Comissão esclareceram ao El PAÍS que muitos investidores estrangeiros, “inclusive da China”, já manifestaram interesse em participar do Fundo Europeu de Investimentos Estratégicos, mas ainda não foram apresentados “projetos ou números concretos”.

Popularmente conhecido como plano Juncker, o fundo é um programa de investimentos promovido pelo Presidente da Comissão Europeia que tem o objetivo de mobilizar recursos de 315 bilhões de euros para obras de infraestrutura. O plano enfrenta dúvidas significativas sobre sua governança e, acima de tudo, sobre seu financiamento, um problema que a participação chinesa poderia aliviar. Conseguir a participação chinesa representaria um êxito importante para Juncker.

O montante da participação ainda deve ser definido, mas são esperados “bilhões”

Pequim obtém, assim, um trunfo importante na disputa que tem com Washington pela influência global. Especialmente depois do revés causado a Washington por vários parceiros europeus quando decidiram participar do banco de infraestruturas criado pela China apesar da oposição dos Estados Unidos. O presidente Barack Obama havia baseado sua estratégia econômica frente à China na assinatura do acordo de livre comércio com outros 11 países do Pacífico, excluindo a China, mas o revés infligido pelos democratas na última sexta-feira contra a política comercial do presidente dificulta os planos Obama. A China está usando suas vastas reservas de quase 4 trilhões de dólares para exercer o que se conhece como diplomacia monetária, com a qual conseguiu derrotar os EUA na América Latina.

O investimento chinês na Europa atingiu níveis recorde em 2014, com 153 projetos de investimento num total de cerca de 16 bilhões de euros, de acordo com um relatório da Backer & McKenzie e do Rhodium Group, o dobro do ano anterior. A Europa acumula, assim, seis anos consecutivos de altos níveis de Investimento Estrangeiro Direto (IED) da China, com uma média de 8,9 bilhões de euros por ano. Uma mudança particularmente significativa se considerarmos que o IDE da China na Europa praticamente não existia em 2004, quando não alcançava sequer 900 milhões anuais. Há meses, várias autoridades europeias tentam que os quatro grandes bancos chineses participem do plano Juncker. As instituições financeiras demonstraram especial interesse em projetos de telecomunicações e de tecnologia.

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