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Apple Music, uma mistura de rede social com ‘streaming’ de música

A empresa lança um sistema de rádio, no qual os artistas poderão interagir com os fãs

Craig Federighi, vice-presidente de Software da Apple.Vídeo: D. P. Morris

Música, notícias e aplicativos para relógio. Essas são as três chaves da Apple para o próximo ano. A conferência de desenvolvedores, um evento que reúne 5.000 pessoas dispostas a pagar 1.500 dólares para conhecer de perto como colaborar com a empresa da maçã, mostrou nesta segunda-feira seu plano mestre para manter a liderança, em uma reunião na qual Tim Cook, executivo-chefe da Apple, revelou algumas cifras: conta com 350 estudantes, assistentes de mais de 70 países e mais de 1.000 engenheiros da Apple dispostos a resolver as dúvidas de seus melhores promotores. Afinal, são eles que constroem os aplicativos que dão sentido à compra de seus aparelhos e são uma suculenta fonte de receitas. A Apple fica com 30% do preço de um aplicativo.

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O anúncio do lançamento da Apple Music chegou à última hora, como é de costume. Trata-se de um aplicativo que permite assinar uma rádio escolhida por especialistas. Funcionará como uma cadeia de rádio, mas com alcance mundial, de até 100 países, e se chamará Beats1, como a empresa de fones de ouvido que a Apple adquiriu.

Desta vez a Apple quer todos os artistas com ela, e eles poderão compartilhar fotos, vídeos e mensagens de modo direto com os fãs através do aplicativo, na zona Connect. A Siri1, o robô com voz feminina, terá um papel fundamental na seleção de canções. Não só fará pesquisas por nomes de artistas como também entenderá buscas do tipo “ponha a canção de Dirty Dancing”, “as que mais escuto, de modo aleatório”, ou “a mais vendida de 93”. O aplicativo sai no final do mês, também em Android, o que significa uma mensagem e tanto para a indústria. Os três primeiros meses são grátis. O preço será de 9,99 dólares (31 reais) por usuário individual

Esta não é a primeira tentativa da Apple de entrar no mundo da música. Com o iTunes abalou a distribuição tradicional, a partir do momento em que já não se comprava um álbum completo, mas uma canção. Sua fórmula —um dólar por peça— foi uma alternativa para frear os downloads ilegais. Agora enfrenta o Spotify, com uma expansão cada vez maior na América Latina e Europa, e ganhando participação nos Estados Unidos. No mercado local, o Pandora é o aplicativo mais popular.

Em uma recente demonstração de força, o grupo canadense The Weekend estreou o serviço com uma atuação. O U2 tem sido um dos aliados tradicionais da empresa fundada por Steve Jobs, mas agora se nota uma mudança geracional nos músicos que apoiam a empresa norte-americana. O rapper canadense Drake mostrou os benefícios do aplicativo: “O sonho de ser uma estrela mundial, não importa de onde você venha, é possível.” .

O CEO da Apple Tim Cook, rodeado de estudantes.
O CEO da Apple Tim Cook, rodeado de estudantes.JUSTIN SULLIVAN

Apple para os meios de comunicação

A Apple dedicou especial atenção à mídia com o News, seu novo aplicativo, muito visual, para o consumo de notícias. Susan Prescott, vice-presidente de aplicativos, foi a encarregada de explicar o funcionamento de um formato no qual primam as fotos, vídeos e gráficos intercalados no texto.

Como fez o Facebook, estreiam com alguns órgãos da mídia, ESPN,The Guardian, The New York Times, com 33 artigos diários, assim como as revistas da Condé Nat. A chave neste caso é que o conteúdo será adaptado ao gosto de cada usuário. “Quanto mais for usado, melhor nos conhecerá”, insistiu. O vice-presidente de Software da Apple, Craig Federighi, o abriu a todos: “Desde grandes jornais a blogs”.

Apple Watch

A Apple, a empresa mais valiosa por capitalização em bolsa no mundo, segue seu plano para ganhar pulso. “Nós nos sentimos como quando nasceu o iPhone. Abrir a plataforma foi o começo do que temos hoje. O que você for capaz de imaginar, poderá ser criado”, declarou Federighi, com ar messiânico, para mostrar o WatchOS, o sistema operacional do Apple Watch.

Será mais simples ler e responder a e-mails no relógio, que também permitirá as chamadas de voz com seu aplicativo FaceTime. A integração com a Siri será mais profunda: dará direções para chegar em casa, chamar um táxi ou lembrar o aniversário de um familiar. Além disso, foi remediado um de seus defeitos: a necessidade de estar perto do celular para que seja útil, já que se cria uma rede wifi entre ambos os aparelhos para torná-lo mais prático. Outras novidades são o uso do microfone ou a visualização de vídeos. O relógio servirá para pagar, mas também para mudar a temperatura do carro ou abrir a porta. Se ele percebe que o dono não o está usando, não funcionará. No capítulo da mobilidade, o iOS, o coração de iPhones e iPads, se renova com a versão 9. A 8 está em 83% de seus aparelhos compatíveis, enquanto o Android 5 (versão mais recente do sistema operacional do google) está em 12% dos aparelhos.

A renovação da Siri

A Siri recebe 1 bilhão de perguntas por semana. No entanto, continua sem entender questões relacionadas com comércios, por exemplo. Não sabe responder se uma loja está aberta, mas sabe acessar a agenda ou buscar “fotos da viagem a Benidorm” do arquivo interno. “É um grande assistente, mas os melhores assistentes são proativos”, disse Federighi. A Siri sugerirá o uso de aplicativos, segundo a hora, seja uma sessão de meditação pela manhã ou o esporte que temos de fazer na saída do trabalho. Um dos pontos mais elogiados entre as novidades foi sua compatibilidade, já que funcionará nos iPhones 4S e iPad 2 e modelos sucessivos. Em vez de ocupar 4,8 gigas na memória interna de celulares e tablets, ficará no 1,3. Chegará grátis no segundo semestre. Prometem até três horas a mais de bateria em cada carga, graças ao novo software.

Ipad

O iPad terá, por fim, tela dividida. Permitirá que, de verdade, seja uma ferramenta de trabalho. Será possível a consulta do Twitter ao mesmo tempo que se lê uma página na web, ou um vídeo de YouTube enquanto se lê um email. Funcionará nos iPads a partir do Air e todos os modelos de Mini.

O Apple Pay terá um novo aliado, o Square, o sistema de pagamento inventado por Jack Dorsey cofundador do Twitter. Transformará em uma caixa registradora qualquer celular ou tablet da empresa e também servirá para fazer transferências entre particulares. Será útil para pagar o transporte público em Londres, sem necessidade de comprar bilhete algum. No mês que vem chegará ao Reino Unido, mas ainda não há notícias para o mercado de língua espanhola.

A loja de aplicativos, um autêntico celeiro, já supera 100 bilhões de downloads

OS X, o sistema operacional para o computador, terá uma renovação e um novo nome. Seguindo a norma, terá como nome um lugar mítico da Califórnia: El Capitan, a parede vertical do parque Yosemite. Safari, seu navegador, prestará especial atenção ao conteúdo, mais concretamente, à última hora. Os clientes da Apple poderão fixar páginas web na parte superior do programa para receber notificações dos resultados esportivos e transmissões ao vivo.

O mundo do videogame, à margem do iPad e iPhone, também tem lugar nos computadores Mac. Apresentaram as vantagens de Metal, seu kit de desenvolvimento para aproveitar melhor a capacidade de seus modelos. El Capitan chegará grátis, primeiro na versão de teste para os desenvolvedores. No segundo semestre será gratuito para todos os clientes da maçã.

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