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Recuperados os corpos de quase 400 pessoas do naufrágio no Yangtzé

Maioria foi encontrada depois que o barco foi desvirado e posto para flutuar

Trabalhadores sobre o barco que naufragou, depois de endireitá-lo.
Trabalhadores sobre o barco que naufragou, depois de endireitá-lo.AFP

O acidente de barco no rio Yangtzé já é oficialmente a pior tragédia desse tipo ocorrida na história recente da China. As centenas de pessoas que trabalham no trecho do rio em que aconteceu o acidente, perto da cidade de Jianli, resgataram 396 corpos, de um total de 456 pessoas que estavam a bordo no momento do naufrágio. Apenas 14 conseguiram sobreviver, e 46 continuam desaparecidas, segundo a última contagem divulgada pelos meios de comunicação estatais da China.

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A grande maioria dos corpos foi recuperada horas depois que os técnicos conseguiram desvirar e fazer flutuar a balsa, de 76 metros de comprimento e 2.200 toneladas. A operação, que levou 22 horas, foi feita com a ajuda de várias gruas instaladas em outras embarcações, usando cabos de aço para içar o barco afundado. A parte de cima do navio sofreu danos consideráveis –ele ficou de ponta-cabeça-, mas os pisos inferiores estão quase intactos.

Uma vez posto para flutuar, e tendo começado a drenagem da água, as equipes puderam começar a examinar cada cabine do Estrela do Oriente, até então uma tarefa quase impossível, devido às fortes correntes do rio Yangtzé e às condições meteorológicas adversas. As autoridades decidiram desvirar e remover a embarcação depois que os detectores de vida não encontraram nenhum indício de sobreviventes e que os técnicos recomendaram o procedimento por ser a solução mais rápida e viável para resgatar a maior quantidade possível de corpos.

O naufrágio continua a ser atribuído ao mau tempo. O capitão do navio –que está sob custódia policial, sem ter sido acusado de nenhum crime- disse que um tornado o surpreendeu durante a forte tempestade da noite de segunda-feira. Os sobreviventes relataram aos meios de comunicação estatais que o barco demorou 1 ou 2 minutos para virar e afundar. Outras embarcações semelhantes que navegavam na mesma região decidiram ancorar depois do alerta emitido pela Autoridade Meteorológica da cidade de Jianli meia hora antes do acidente. Não está claro ainda se o capitão do Estrela do Oriente não ouviu a recomendação ou se simplesmente decidiu ignorá-la. Nesta época do ano são normais na região fortes tempestades, e o capitão tinha três décadas de experiência. Um representante da empresa dona da balsa que afundou prometeu colaborar com a investigação, e o presidente da China, Xi Jinping, afirmou que ela será feita “sem nenhum acobertamento”.

Familiares que foram à região do acidente denunciam o abandono e a falta de informação por parte das autoridades. Alguns decidiram ir por conta própria até a margem do Yangtzé para ficar mais perto de seus parentes quando perceberam que as autoridades não tinham a intenção de levá-los até as proximidades do local. Outros demonstraram sua frustração por meio de protestos nas ruas de Jianli para pedir uma investigação justa e completa e a entrega dos cadáveres para que sejam enterrados em suas cidades de origem. O Governo tratou de limitar a movimentação dos manifestantes e os “desaconselhou” de falar com a imprensa. Os meios de comunicação estatais chineses também não divulgaram seus pedidos.

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