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“Pedi demissão quando vi que ganharia a vida jogando games”

Canal Venon Extreme, do 'youtuber' Eduardo Faria, possui milhões de fanáticos por games

Eduardo Faria é o autor do canal de games VenonExtreme.
Eduardo Faria é o autor do canal de games VenonExtreme.Reprodução Youtube

Eduardo Faria, de 33 anos, nunca imaginou que um dia ganharia a vida narrando de forma criativa jogos em vídeos na internet. Menos ainda que teria uma legião de fãs, muitos deles crianças, que passariam horas assistindo seus conteúdos. Apesar da paixão pelos games ter começado desde pequeno, como acontece com a maioria dos garotos, foi só aos 29 que o hobby realmente virou profissão. Hoje, seu canal de YouTube Venon Extreme é o que possui o maior número de inscritos no grupo dos gamers do Brasil, mais de 4 milhões.

A fórmula de seus vídeos é simples: ele mostra um game da internet, dá dicas e interage com muita simpática com o público. “E pensar que na minha infância eu precisava comprar revistas especializadas para saber “macetes” sobre os jogos de videogame. Quando criança, cheguei a ligar para um telefone de apoio da Nintendo para saber como passar de uma fase do jogo. E hoje, se você tiver uma dúvida, dá um google e pronto”, explica.

Foi justamente dando "um google" para saber dicas sobre o jogo Minecraft -um game online que permite a criação de objetos e cenários- que descobriu o trabalho dos youtubers de game. "O primeiro brasileiro que conheci foi o brksEdu, ele foi o pioneiro. Encontrei um vídeo dele e achei muito interessante, senti que ele interagia muito, era como se fosse um amigo", explica Eduardo que anos depois o conheceu em uma feira de games e hoje são grandes parceiros.

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Hoje, no Brasil, calcula-se que há milhares de canais dedicados a canais sobre games. Alguns dos mais populares são: Vilhena Gamer, Malena0202, Rezende Evil, zangad o e celbit . Já internacionalmente, o líder é o sueco Feliz Kjellberg, mais conhecido como PewDiePie, que possui mais de 35 milhões de inscritos.

Há 4 anos, quando resolveu criar o seu canal, o número desses canais era menor e Eduardo trabalhava como programador de CNC em Portugal. Naquela época, tinha tempo para postar apenas um vídeo por semana, mas percebeu que estava na direção correta ao ver o número de visualizações do seu canal se multiplicar na tela do computador.

"Logo decidi monetizar meus vídeos no Youtube. Testei por 15 dias e ganhei o dobro do meu salário de programador", explica o youtuber que não comenta os valores reais que ganha devido a uma cláusula do contrato com uma network.

Eduardo continuou monetizando os vídeos e, quando chegou ao fim do mês, não teve dúvidas sobre a eficácia do seu conteúdo online: conseguiu ganhar quatro vezes o valor do seu salário de programador. "Pedi demissão do trabalho. Eu precisava de mais tempo, de publicar mais vídeos por semana. Meus amigos acharam que eu tinha endoidado. Parecia uma loucura tomar aquela atitude em meio à crise econômica. Mesmo assim, decidi arriscar, foi o melhor que fiz", conta.

A partir daí, o número de posts no canal foi subindo assim como o valor da sua conta bancária. A nova vida o permitiu voltar ao Brasil dois anos depois. "Acredito que o meu diferencial foi a espontaneidade no vídeo. Quando estou jogando me coloco lá dentro, como se estivesse vivendo aquele jogo, acho que as pessoas gostam disso", comenta.

Sem garantia de sucesso

O youtuber alerta, no entanto, que o caminho traçado por ele não é garantia de sucesso. "Hoje em dia todo mundo quer viver disso, claro que alguns podem conseguir. Alguns não vão para frente.O primeiro passo é investir em um microfone bom, mas a concorrência aumentou muito e pode ser que esses canais fiquem defasados no futuro", conta.

Eduardo está certo que as crianças que antes assistiam às TV Globinho durante as manhãs estão migrando em massa para canais do Youtube. Porém, dada a velocidade das mudanças tecnológicas, não descarta a possibilidade de que em breve outro meio conquistará esse vasto público.

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