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Oposição a Maduro volta às ruas em 30 cidades venezuelanas

As marchas, convocadas da prisão por Leopoldo López, reuniram 20.000 pessoas,

Protestos contra Nicolás Maduro em Caracas.
Protestos contra Nicolás Maduro em Caracas.FEDERICO PARRA (AFP)

O dirigente do partido Vontade Popular (VP), Freddy Guevara, raspou neste sábado o cabelo no palco da principal manifestação realizada em Caracas pela oposição ao Governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. A mesma coisa ocorreu de maneira simultânea nas 30 cidades da Venezuela e dos Estados Unidos – como Miami – onde também tinham sido convocadas mobilizações. Trata-se de um gesto de solidariedade com Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal (no Estado de Táchira, região andina do sudoeste da Venezuela), que desde março de 2014 estava detido na prisão militar de Ramo Verde, mas uma semana atrás foi transferido para uma cadeia de delinquentes comuns no interior do país. Como parte do mesmo castigo disciplinar, as autoridades penitenciárias lhe rasparam a cabeça.

A libertação imediata dos presos políticos foi uma das palavras de ordem dos protestos, convocados da prisão pelo ex-prefeito de Chacao Leopoldo López. O chamado em Caracas foi precisamente para que a concentração ocorresse nesse município da região metropolitana, governado por López durante oito anos, ao lado do que resta daquele que alguma vez foi o distrito financeiro da capital. A convocação foi atendida por cerca de 20.000 pessoas, o que representou o retorno organizado da oposição às ruas depois dos protestos violentos do primeiro semestre de 2014.

A libertação imediata dos presos políticos foi uma das palavras de ordem da manifestação

Quase ao mesmo tempo, o governador de Miranda e ex-candidato presidencial, Henrique Capriles Radonski, viajou para San Juan de los Morros (capital do Estado de Guárico), na tentativa de conseguir acesso à prisão onde desde 23 de maio está detido Ceballos. Capriles optou por participar da concentração simultânea que se realizou nessa cidade, procurando assim pôr fim aos sinais de divisão na aliança opositora – emitidos durante a semana pela Mesa de Unidade Democrática (MUD) com sua relutância em somar-se à convocação.

“A chave para abrir as celas dos presos políticos se chama unidade”, insistiu Mitzy Capriles, mulher do prefeito encarcerado de Caracas, Antonio Ledezma, quando foi sua vez de falar aos manifestantes. As outras duas grandes reivindicações dos manifestantes em todo o país também representam pontos de coincidência para toda a oposição: o rápido anúncio da data definitiva das eleições parlamentares – que o Conselho Eleitoral, controlado pelo Governo, até agora se nega a revelar– e a participação de observadores internacionais independentes no processo eleitoral.

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María Corina Machado, ex-deputada da Assembleia Nacional, destituída por uma manobra governista em março de 2014, também se dirigiu aos manifestantes em Caracas. Ela assegurou que já começou a transição política para remover a “ditadura militarista e mafiosa que existe”, e citou entre os indícios disso as recentes denúncias de casos de corrupção e vínculos com o narcotráfico que, segundo a dirigente, vêm do próprio chavismo. María Corina Machado afirmou que o ato deste sábado marca a volta da dissidência às ruas, “que não voltaremos a abandonar”.

O encerramento do protesto pacífico – um caráter que os manifestantes ressaltaram levando cravos brancos nas mãos – esteve a cargo de Lilian Tintori e Patricia Gutiérrez, mulheres de Leopoldo López e Daniel Ceballos, respectivamente. Enquanto Patricia Gutiérrez se dizia disposta a “dar a vida pelo homem que ama” – e a quem já substituiu por meio de eleições na prefeitura de San Cristóbal –, Tintori pediu a convocação de um “dia nacional de jejum” em apoio a López e Ceballos, que se mantêm em greve de fome na prisão.

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