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Itália resgata 4.500 náufragos em 24 horas em águas da Sicília

A Guarda Costeira informa que também recuperou 17 cadáveres

Fotografia fornecida pelos Médicos sem Fronteiras do resgate de uma barcaça de imigrantes no Mediterrâneo em 14 de maio.
Fotografia fornecida pelos Médicos sem Fronteiras do resgate de uma barcaça de imigrantes no Mediterrâneo em 14 de maio.IKRAM N'GADI (EFE)

Mais de 4.500 pessoas resgatadas em apenas 24 horas e mais de 38.000 desde o início do ano. Dezessete cadáveres encontrados no fundo de uma barcaça. Crianças, adultos e até um sírio de 98 anos socorridos in extremis pelas autoridades italianas quando estavam à deriva no Canal da Sicília. Daí que a Itália, ante a resistência de muitos países ao plano da Comissão Europeia (CE) para realocar os solicitantes de asilo, tenha lançado um novo pedido de socorro.

“Nosso chamado é dirigido novamente à Europa e a toda a comunidade internacional para que façam o que até agora ninguém fez: pacificar a Líbia”, declarou o ministro do Interior, Angelino Alfano. “Se isso não for feito, será impossível deter os desembarques de imigrantes. E nem a Sicília nem a Itália podem continuar sofrendo o custo das bombas jogadas na Líbia para desestabilizar o regime e, depois, do silêncio internacional.” Ao pedido de ajuda de Alfano se uniu o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, que voltou a dar um puxão de orelha em seus sócios europeus: “Não tenho nenhuma dúvida de que todos os países europeus podem fazer mais”.

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Jornadas como as de sexta-feira e sábado – embarcações de resgate de vários países correndo contra o relógio para tentar evitar o afundamento de barcaças carregadas com centenas de imigrantes – voltam a pôr em evidência a incapacidade da Europa para solucionar essa situação de emergência. Enquanto vários países resistem a acolher os solicitantes de asilo designados pela União Europeia – ao todo, 40.000 a ser distribuídos pelos Estados membros em dois anos –, a Itália já se encarregou sozinha de um número quase igual de imigrantes só este ano. É uma situação que as autoridades europeias prometem resolver no tempo mais curto possível quando ocorre uma grande tragédia – como a de abril na Catânia ou a de outubro de 2013 em frente à ilha de Lampedusa –, mas, na prática, só se posterga.

E, enquanto isso, os navios de resgate – italianos, alemães, franceses, britânicos… – envolvidos na operação Tritão continuam chegando aos portos do sul da Itália com os imigrantes socorridos em frente às costas da Sicília. Só durante a sexta-feira, foram resgatadas 4.223 pessoas que viajavam, aglomeradas pelas máfias, a bordo de 9 barcaças e 13 lanchas. Foi em uma dessas operações que o navio Fenice da Marinha Militar italiana encontrou 17 cadáveres entre centenas de imigrantes que viajavam amontoados em uma das barcaças. Durante a manhã de sábado foram socorridos outros 311 imigrantes a bordo de outras três embarcações e os pedidos de ajuda não deixaram de chegar durante todo o dia. A coordenadora dos Médicos sem Fronteira na Sicília, Chiara Montaldo, informou que entre os imigrantes desembarcados no porto de Augusta se encontrava Ahmad, um sírio de 98 anos que estava fazia 13 dias à deriva com outras 234 pessoas. O medo da guerra, a fome e a esperança de uma vida melhor não conhecem fronteiras nem idades.

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