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Sem apoios, Movimento Brasil Livre pede impeachment de Dilma

Movimento Brasil Livre finaliza marcha de 33 dias na capital com ato contra a presidenta Partidos de oposição optaram por ação penal na PGR contra "pedaladas fiscais"

Rodolfo Borges
Integrantes do MBL realizam ato em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, nesta quarta.
Integrantes do MBL realizam ato em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, nesta quarta.Valter Campanato (Agência Brasil)

Pouco mais de um mês depois de deixar São Paulo com destino a Brasília, a "marcha pela liberdade" apresenta nesta quarta-feira um pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Apesar de uma pesquisa Datafolha apontar que, em abril, 63% dos brasileiros apoiavam a abertura de um processo de impeachment, o grupo, que partiu de São Paulo com cerca de 20 pessoas mobilizadas pelo Movimento Brasil Livre, não conseguiu o apoio formal de partidos para seu pleito e chega a Brasília esvaziado.

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Sem conseguir respaldo jurídico para pedir o impedimento de Rousseff, partidos de oposição como PSDB, DEM, PPS e Solidariedade, além do PSC, optaram por um caminho mais cauteloso. Liderados pelo senador Aécio Neves (PSDB), os partidos anunciaram na semana passada que vão apresentar uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo abertura de ação penal contra a presidenta por crime comum, com base nas "pedaladas fiscais" — procedimento utilizado para inflar resultados do Governo principalmente em 2013 e 2014 e melhorar o resultado de superávit primário.

Ao anunciar a intenção de buscar uma alternativa mais amena contra Rousseff, Neves disse que "a ação conjunta das oposições reforça esse movimento que busca reparar os enormes danos que os governos do PT vêm causando ao país", e o que o impeachment ainda é "sempre uma possibilidade". O Tribunal de Contas da União (TCU) anunciou que há indícios de que o Governo cometeu crime de responsabilidade fiscal ao "maquiar" as contas federais, pagando despesas com dinheiro de bancos públicos, por exemplo, o que foi encarado pelos opositores como um caminho para um pedido futuro de impedimento da presidenta.

A decisão dos partidos de oposição e suas explicações não contentaram, contudo, os grupos partidários do impeachment de Rousseff, que acusam tucanos e democratas de ter traído o Brasil e seguiram pelas estradas de Minas Gerais e Goiás para, 33 dias depois do início da marcha, pressionar o Governo nesta quarta-feira em Brasília. Com uma concentração agendada para as 14h, dezenas de pessoas rumavam nesta manhã com bandeiras do Brasil e cartazes contra o PT e a presidenta Dilma Rousseff em direção ao Congresso Nacional.

Apesar da determinação do grupo, a mobilização não se compara às centenas de milhares de pessoas que protestaram Brasil afora nos últimos meses, principalmente nos dias 15 de março e 12 de abril, contra o Governo. Naquelas ocasiões, parlamentares como o senador Ronaldo Caiado (DEM) e os deputados Onyx Lorenzoni (DEM) e Carlos Sampaio (PSDB) se uniram ao coro pelo impeachment, mas, desde então, não conseguiram mobilizar seus partidos em torno do "fora, Dilma" de forma mais intensa.

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