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Eleições em Barcelona e Madri marcam a virada política na Espanha

As duas prováveis prefeitas eleitas são herdeiras de movimentos sociais

Manuela Carmena se dirige aos seus simpatizantes.Foto: atlas | Vídeo: Bernardo Pérez / el país-live!

Manuela Carmena, uma juíza aposentada com prestígio que usa o metrô e que escapou de uma matança fascista em 1977, e Ada Colau, uma ativista especializada em paralisar despejos hipotecários de pessoas que ficariam sem casa, serão, previsivelmente, as novas prefeitas de Madri e Barcelona. São os principais símbolos da tempestade política que atingiu a Espanha nas eleições municipais e regionais deste domingo.

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No caso de Madri, Carmena necessitará do apoio do Partido Socialista (PSOE) para governar. Tudo aponta que será assim. Os resultados oficiais, com 99% dos votos apurados, refletem uma situação de quase empate na capital Madri entre o conservador Partido Popular (PP), o partido do presidente Mariano Rajoy (34,4% e 21 vereadores de 57) e Ahora Madrid, uma coalizão de movimentos cidadãos comandados por Carmena (31,9% e 20 vereadores), assim como uma importante queda do PSOE de Antonio Miguel Carmona (15,34% e 9 vereadores) e um resultado mais pobre do que o esperado para Ciudadanos (11% e 7 vereadores), um novo partido de centro-direita. Carmena fez um discurso no domingo à noite e afirmou “grandes mudanças ocorreriam na capital”.

Desta maneira, a capital da Espanha, cidade onde há quatro anos nasceu o movimento dos indignados (15-M) e Barcelona serão os paradigmas do giro à esquerda que vem experimentando o país.

Não só isso. Carmena e Colau não pertencem a nenhum partido político. Formam parte de plataformas e grupos heterogêneos, como Podemos, herdeiros desses movimentos sociais que renegaram os partidos políticos tradicionais, principalmente os indignados. As duas, além disso, basearam boa parte da campanha eleitoral nas redes sociais. Serão mudanças histórias: em Madri, o PP de Mariano Rajoy governa há 24 anos.

A longo prazo, Ahora Madrid promete auditar a dívida pública, revisar contratos municipais para devolver à Prefeitura vários serviços públicos, como o de limpeza urbana; paralisar as principais intervenções urbanistas da cidade; subir os impostos às grandes empresas; abaixar as tarifas de transporte público, entre outras medidas.

No entanto, no mesmo dia que Carmena foi escolhida como candidata, Ahora Madrid apresentou as cinco medidas mais urgentes, votadas em processo aberto a toda a população, que deverão ser implementadas nos primeiros 100 dias de Governo.

  1.  Colocar todos os meios e recursos municipais para a paralisação de ações de despejos e para garantir uma alternativa habitacional.
  2. Paralisar a privatização dos serviços públicos, a concessão de serviços municipais a grandes empresas e a venda do patrimônio público.
  3. Garantir os serviços básicos (luz e água) a todos os lares que não podem pagar por eles.
  4. Garantir o acesso a saúde pública e a todas as ações de prevenção e de promoção da saúde a todas as pessoas, independente de sua situação administrativa.
  5. Desenvolver um plano urgente para a inclusão no mercado de trabalho de jovens e desempregados de longa duração.
Ada Colau discursa após conhecer o resultado das eleições municipais deste domingo, em Barcelona.
Ada Colau discursa após conhecer o resultado das eleições municipais deste domingo, em Barcelona.Emilio Morenatti (AP)

O grupo de Ada Colau, Barcelona en Comú, também apresentou um plano de choque para os primeiros meses de mandato, definido “ambicioso”, porém “factível”. Asseguram que muitas dessas medidas não possuem nenhum custo: “Exigem valentia política, bom senso e podem ser aplicadas de forma imediata”.

  1. Criar 2.500 empregos com um investimento de 50 milhões de euros.
  2. No campo social, pretendem multar os bancos que executem um desalojo hipotecário, taxar as empresas elétricas, revisar o cartão do transporte público e ampliar a gratuidade, e implementar uma renda municipal para famílias pobres.
  3. Reverter as privatizações e concessões de serviços públicos e revisar projetos urbanísticos.
  4. Reduzir salários dos representantes para até um máximo de 2.200 euros mensais, eliminar os carros oficiais e fazer uma auditoria em algumas entidades.

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