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Funcionário espanhol que matou mulher pode perder imunidade

“A imunidade diplomática não deve ser um álibi para fatos tão graves”, diz chanceler

Miguel González
Jesús Figón, em uma foto de 2004.
Jesús Figón, em uma foto de 2004.Jeffrey Arguedas (EFE)

O ministro de Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo, revelou nesta quarta-feira que o Governo espanhol suspenderá a imunidade diplomática do conselheiro de Interior da Embaixada da Espanha no Brasil, caso seja confirmado que se trata de um caso de violência machista. “A imunidade diplomática nunca pode servir como álibi para fatos tão graves como a violência machista”, declarou Margallo, em Valência. “A primeira coisa que a Embaixada fez, seguindo minhas instruções, foi comunicar à Chancelaria brasileira que a Espanha não apenas não coloca nenhum empecilho à investigação em andamento, que corresponde às autoridades brasileiras, mas que está à disposição para investigar um fato de tamanha gravidade”, acrescentou o ministro.

O delegado do Corpo Nacional de Polícia, Jesús Figón, foi libertado na terça-feira pela tarde depois de confessar ter matado sua esposa, Rosemary Justino Lopez, de 50 anos, de nacionalidade brasileira. O policial morava em Brasília, onde exercia suas funções, mas viajava com frequência à Vitória, capital do Espírito Santo, onde tinha um apartamento, onde o crime ocorreu.

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O delegado da Divisão de Homicídios e Proteção à Mulher de Vitória declarou ao jornal O Globo que Figón disse ter agido em legítima defesa. “Ele contou que a mulher sofria de depressão. Ela perdeu um filho e toda vez que se aproxima a data da morte ela tinha uma recaída. Falou que ela era alcoólatra, ontem [segunda-feira] fez excessiva ingestão de álcool e na madrugada teve uma discussão. Ele nos relatou que ela partiu para cima dele com uma faca, ele tomou a faca e efetuou os golpes.”

Segundo este porta-voz, Figón foi libertado por ter confessado o crime voluntariamente, além de ter imunidade diplomática, mas está “à disposição das autoridades brasileiras”, à espera da definição se a Espanha vai assumir o caso ou se vai deixar nas mãos dos tribunais brasileiros. Fontes diplomáticas disseram que a Embaixada da Espanha em Brasília está em contato com o Ministério de Relações Exteriores brasileiro, que ainda não recebeu nenhum pedido para suspender a imunidade do delegado. Depois de permanecer sob custódia policial por 12 horas, Figón passou a noite da terça-feira em um hotel em Vitória, a cerca de 1.250 quilômetros da capital federal.

Figón, de 64 anos, estava com Rosemary, a quem conheceu na Espanha, há 30 anos. Ambos tinham uma filha, enquanto ele tinha três filhos de um casamento anterior. Começou a trabalhar na Embaixada de Brasília em 2012 e estava a ponto deixar o posto, já que sua vaga havia sido disponibilizada para concurso. Anteriormente havia sido delegado-chefe de Alcalá de Henares (Madri), entre outros locais.

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