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Juiz condena Costa e Youssef, peças-chave do escândalo da Petrobras

Ex-diretor e doleiro foram julgados culpados por desvio de 18 milhões de reais

Costa, na CPI da Petrobras em dezembro passado.
Costa, na CPI da Petrobras em dezembro passado.Antonio Cruz (Ag. Brasil)

Duas peças-chave do esquema de desvio de recursos da Petrobras foram condenadas nesta quarta-feira a penas que variam de sete a nove anos de prisão. O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef foram responsabilizados por ao menos 20 crimes de lavagem de dinheiro que desviaram entre os anos de 2009 e 2012 cerca de 18 milhões de reais da petroleira brasileira.

Os delitos se referem ao superfaturamento de obras da refinaria de Abreu e Lima, no Estado do Pernambuco. Inicialmente, a construção da refinaria estava orçada em 2,5 bilhões e saltou para 20 bilhões de reais. Costa e Youssef confessaram seus delitos quando assinaram um termo de colaboração com os investigadores do esquema criminoso.

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De acordo com a decisão do juiz federal Sergio Moro, o doleiro e o ex-diretor eram “os líderes do grupo criminoso e seriam o principais responsáveis pela lavagem de dinheiro dos recursos desviados”. Eles eram o braço do Partido Progressista (PP) dentro do grupo criminoso. A estimativa é que ao total, tenham sido desviados de 10 bilhões a 20 bilhões de reais da estatal em mais de uma centena de obras. Os valores desviados seriam usados para pagar propina a dirigentes da Petrobras, políticos e partidos brasileiros.

Apesar de Costa e Youssef terem assinado acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal, até o momento, não conseguiram se livrar das penas de restrição de liberdade. Por enquanto, só conseguiram atenuar suas condenações financeiras. As multas contra eles não foram definidas. Conforme a decisão do juiz Sergio Moro, o ex-diretor terá de cumprir sete anos e seis meses de reclusão e o doleiro, nove anos e dois meses. Ainda cabe recurso à decisão. Atualmente, Youssef está detido no Paraná e Costa cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro, onde é monitorado por uma tornozeleira eletrônica.

Apesar de Costa e Youssef terem assinado acordos de colaboração ainda não conseguiram se livrar das penas de restrição de liberdade

Como Youssef responde a mais de dez delitos dentro da própria operação Lava Jato, a expectativa é que a soma de suas penas supere os 30 anos de reclusão, conforme o próprio juiz Moro.

Outras seis pessoas também foram condenadas pelos mesmos crimes por Moro. São elas: o dono da empreiteira Sanko Sider, Márcio Andrade Bonilho, os empresários Esdra de Arantes Ferreria, Leandro Meirelles, Leonardo Meirelles, Pedro Argese Júnior e o aposentado Waldomiro Oliveira. Os cinco últimos são, conforme a denúncia, membros do grupo coordenado por Youssef para encobrir o desvio de recursos e lavar o dinheiro fora do país. Como o corruptor neste caso teria sido Bonilho, caberá a ele pagar uma multa no valor de ao menos 18 milhões de reais, o valor será usado para ressarcir o dano à Petrobras e ainda poder ser aumentado.

Ao todo, a operação Lava Jato resultou, na primeira instância, na abertura de 21 processos judiciais (em que já ocorreram acusações formais) e há dois inquéritos policiais instalados. Existem também 23 inquéritos no Supremo Tribunal Federal contra 54 políticos, que teriam foro privilegiado.

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