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Papa lamenta o “silêncio cúmplice” ante a matança de cristãos no Quênia

Francisco compara o massacre dos estudantes ao calvário de Cristo há dois milênios

O papa Franciso durante a Via Crucis na basílica de San Pedro.
O papa Franciso durante a Via Crucis na basílica de San Pedro.L'OSSERVATORE ROMANO (EFE)

O calvário de Cristo em Jerusalém e a matança de seus fiéis no Quênia, dois mil anos depois. O paralelismo centrou as orações e os atos da papa Francisco na terceira Semana Santa desde que o jesuíta se instalou no trono de Pedro. Principalmente a Sexta-feira Santa, o dia no qual a Igreja de Roma recorda a morte de seu fundador, esteve este ano profundamente marcada pelo massacre de 148 pessoas, na grande maioria universitários cristãos, nas mãos de terroristas islâmicos.

“Ainda hoje vemos nossos irmãos perseguidos, decapitados e crucificados por sua fé”, disse na sexta-feira o pontífice ao presidir a tradicional Via Crucis no Coliseu, diante de milhares de fiéis e centenas de velas, em uma noite romana insolitamente fria nesta época do ano. Mas, indo além da solidariedade humana e da proximidade na oração, Jorge MarioBergoglio criticou a comunidade internacional, lamentando que tudo isso ocorre “sob nossos olhos ou, com frequência, com nosso silêncio cúmplice”.

À tarde, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, enviou um telegrama ao presidente da Conferência Episcopal do Quênia, cardeal John Njue, arcebispo de Nairóbi: “Profundamente triste pela imensa e trágica perda de vidas humanas causada pelo recente ataque à Universidade de Garissa, o Santo Padre condena esse ato de insensata brutalidade e reza pela conversão dos corações daqueles que o perpetraram”. Condenação e oração se juntaram outra vez a um apelo oficial do Vaticano às autoridades quenianas para que “redobrem os esforços a fim de trabalhar com todos os homens e mulheres do Quênia para pôr fim a essa violência e saudar a luz de uma nova era de fraternidade, justiça e paz”, nas palavras do telegrama.

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A condenação às perseguições jihadistas contra os cristãos, “mártires” contemporâneos, como definiu o Papa, dominou também a preparação da Via Crucis. Antes de ir ao Coliseu, Francisco participou, na Basílica de São Pedro, da celebração da Paixão de Cristo e escutou concentrado as palavras do padre Raniero Cantalamessa: “Quantos Ecce homo no mundo”, exclamou o pregador da Casa Pontifícia. “Meu Deus, quantos! Quantos presos se encontram nas mesmas condições do Jesus frente a Pilatos: sozinhos, algemados, torturados, nas mãos de militares brutos e cheios de ódio, que cometem todo tipo de crueldade física e psicológica, desfrutando de seu sofrimento. Não podemos dormir”, concluiu o franciscano Cantalamessa com voz emocionada. “Não podemos deixá-los sozinhos!”

O Papa escutou cabisbaixo.

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