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Mais de 780.000 colombianos já não vivem na pobreza

O presidente Santos reconhece que a Colômbia é um dos países mais desiguais

Os Emberá Katío deslocados pela violência.
Os Emberá Katío deslocados pela violência.REUTERS

Cerca de 784.000 colombianos deixaram o estado de pobreza no último ano, sendo que, desse total, mais de 400.000 não são mais indigentes, segundo um relatório do Departamento Nacional de Estatísticas da Colômbia (DANE), publicado na terça-feira. Esses números representariam uma queda do índice de pobreza de 30,6% para 28,5%, e de 9,1% para 8,1% no caso de extrema pobreza.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, destacou a notícia com entusiasmo, e foi além ao informar que, na prática, durante seu primeiro mandato (2010-2014) 4,4 milhões de colombianos deixaram de ser pobres. Em 2009, 40% dos colombianos eram pobres. Hoje essa cifra está em 28%, segundo o Governo.

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Na Colômbia, um país com cerca de 48 milhões de habitantes, uma pessoa é considerada pobre se sua renda não supera 82 dólares (262 reais) por mês; a situação de extrema pobreza é caracterizada quando se recebe menos de 36 dólares (115 reais) mensais. Segundo dados do DANE, no fim de 2014 havia 13,2 milhões de pobres no país, e 3,7 milhões na indigência. Por isso, para Santos, a redução desses índices representa um dos principais resultados de sua gestão. “Dos 40,3%, que era a cifra que tínhamos no Governo quando assumimos o poder em 7 de agosto de 2010, até o último número, de 28,5%, há uma redução de quase 12 pontos percentuais”, explicou o mandatário durante a apresentação do relatório, acompanhado de sua equipe econômica e de representantes do Banco Mundial e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe.

Para o presidente Santos, a Colômbia é o país da América Latina, considerando o tamanho de sua economia, que apresentou o melhor desempenho na redução da pobreza e da extrema pobreza.

As razões estão relacionadas aos investimentos em educação, moradia, serviços públicos e saúde. Segundo Carlos Rodríguez, funcionário do Banco Mundial que estava na apresentação dos dados, a queda dos indicadores de pobreza e de extrema pobreza se deve ao ritmo sustentável da economia colombiana nos últimos anos, e à confiabilidade de suas medições.

Em 2014, a economia cresceu 4,6%. “Particularmente, três quartos dessa queda observada nos últimos anos têm a ver com o crescimento econômico”, disse Rodríguez. No entanto, Santos reconhece que há muito por fazer. “Na Colômbia, quase uma em cada três pessoas é pobre, é uma cifra ainda muito alta”, afirmou o presidente.

Analistas citados pela imprensa local como o jornal El Espectador disseram que a redução desses indicadores poderia ser afetada pelos ajustes no orçamento anunciados para 2015, na esteira da desvalorização dos preços do petróleo. No final de fevereiro, o Governo adiou a execução de 2,447 bilhões de dólares (7,8 bilhões de reais) de seu orçamento, devido às “novas condições macroeconômicas e fiscais”. Desse total, cerca de 1,9 bilhão de dólares corresponde a investimentos e 489 milhões de dólares a gastos operacionais. Santos afirmou que o país não terá o crescimento dos últimos anos, mas seu Governo manterá as políticas de redução da pobreza. “A prioridade que temos é fechar as brechas sociais e melhorar a qualidade de vida, especialmente dos colombianos mais pobres, mais vulneráveis.”

Apesar desses bons resultados, a Colômbia continua sendo um dos mais países mais desiguais da região. Santos reconheceu o fato. “Por isso, não podemos cantar vitória sob nenhum ponto de vista, mas podemos cantar vitória no sentido de que tendência começou a cair, porque antes crescíamos, mas as desigualdades também cresciam, o que aconteceu com muitos países. Aqui revertemos isso e estamos na tendência correta”, acrescentou o presidente depois de analisar os números divulgados.

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