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China já é o terceiro maior exportador mundial de armamentos

Principal cliente do país é o Paquistão. EUA e Rússia monopolizam 58% do comércio global

Macarena Vidal Liy
Tanque militar sob a mira de uma arma na Ucrânia, país que fornece 13% das armamentos à China.
Tanque militar sob a mira de uma arma na Ucrânia, país que fornece 13% das armamentos à China.SERGEI KOZLOV (Efe)

A China é já o terceiro maior exportador mundial de armamentos. Embora sua percentagem do total global seja de apenas 5%, muito abaixo dos 58% que somam os dois grandes --Estados Unidos e a Rússia--, suas vendas ao exterior dispararam nos últimos cinco anos. Nesse período, a venda de armas do país cresceram 143% em relação aos últimos cinco anos, segundo o relatório publicado nesta segunda-feira pelo Instituto de Investigação para a Paz Internacional de Estocolmo (SIPRI).

Em todo mundo, o volume do comércio de armas cresceu 16% no período entre 2010 e 2014 em relação ao quinquênio 2005-2009. O aumento do fluxo teve como principais destinos a Ásia, que monopolizou 48% das importações, o Oriente Médio (22%) e o continente americano (10%), enquanto o volume de vendas para a Europa decresceu em 36%.

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Os Estados Unidos se mantêm como o principal exportador de armamentos convencionais, com 31% do total após registrar um aumento de 23%no volume de vendas nos últimos cinco anos. O país tem a carteira de clientes mais diversificada, ao todo 94, o maior deles é a Coreia do Sul, que compra 9%. A Rússia, seu principal rival, também registrou um amplo crescimento nas exportações em 2010-2014, de 37%, e responde por 27% do total de exportações, com a Índia -o maior comprador mundial- como o melhor de seus 56 clientes.

Depois da China, o quarto e quinto lugares na lista de fornecedores mundiais correspondem a Alemanha e França, também com 5% cada um. O Reino Unido saiu da lista dos cinco maiores exportadores.

Três países que fazem fronteira com a Índia --Paquistão, Bangladesh e Mianmar-- monopolizam 68% do armamento chinês. O Paquistão é, de longe, o maior cliente da República Popular. O país que os diplomáticos chineses gostam de descrever como um “amigo em qualquer circunstância”, e que o presidente Xi Jinping deve visitar nos próximos meses, recebe 41% do armamento exportado pelo gigante asiático.

As compras de Pequim no exterior caíram 42% em cinco anos

Ao se consolidar como fornecedor global de armamentos, a China já vende a 38 países, 18 deles na África. Assim, vendeu três fragatas à Argélia, e drones à Nigéria. Seu alcance chega também à Venezuela, que comprou veículos blindados e aeronaves de treinamento e transporte, indica o SIPRI.

Sobre o aumento das vendas que a levou do nono lugar mundial que ocupava em 2005-2009 ao terceiro atual, a China afirma que “sempre é prudente e responsável em suas exportações de armas”. Pequim, conforme assegura o porta-voz de seu Ministério de Relações Exteriores, Hong Lei, afirma “que [esse comércio] deve ter como fim a melhora da capacidade de autodefesa do país receptor, não prejudicar a paz e a estabilidade mundiais ou regionais e não interferir em assuntos internos de outros países”.

Precisamente, a China, que tem segundo maior orçamento militar do mundo, encontra-se em pleno processo de modernização e profissionalização de suas Forças Armadas. Seu gasto militar aumentou em percentagens superiores a 10% nos últimos cinco anos. Em uma amostra dos avanços em sua indústria de Defesa, tornou-se menos dependente das importações. Se em 2005-2009 era o maior comprador mundial, cedeu agora esse posto a seu rival militar regional, a Índia. Entre 2010 e 2014 suas aquisições de armas caíram 42% em relação ao quinquênio anterior. Seu principal fornecedor foi a Rússia, que lhe vendeu 61%. A França vendeu 16%, e a Ucrânia, 13%.

Os Estados Unidos continuam sendo o maior vendedor, com 31% do volume total

Os helicópteros estão entre os principais itens comprados da Rússia e da Ucrânia. A China, que concentra sua modernização militar nas suas forças de mar e ar, tradicionalmente enfrenta problemas para produzir motores próprios para aeronaves com qualidade suficiente. Nos últimos cinco anos, indica o SIPRI, Pequim continuou importando um grande número de motores russos e ucranianos para aeronaves de combate, transporte e treinamento e para navios de guerra.

A imprensa oficial chinesa prometeu “avanços” para este ano na produção de aviões militares próprios. Sua maior aeronave de transporte de produção nacional, o Xian E-20, estará pronta para a entrega “em breve”, assegurava no início deste mês a agência oficial Xinhua, citando Tang Changhong, engenheiro-chefe adjunto da Corporação Industrial de Aviação da China (AVIC). Além disso, a maior aeronave anfíbia a China, a AG600, que será utilizada em operações de resgate, efetuará seu primeiro voo no ano que vem, segundo a Xinhua.

Índia, maior importador mundial

A Índia foi o maior importador mundial de armamentos no período 2010-2014, quando suas compras representaram 15% do total global, segundo o relatório publicado na segunda-feira pelo Instituto de Investigação para a Paz Internacional de Estocolmo (SIPRI). Nesse quinquênio, as aquisições indianas de armas cresceram 140% em relação aos cinco anos anteriores e foram três vezes maiores que as de seus principais rivais regionais, China e Paquistão.

“A Índia até o momento fracassou na hora de produzir armas competitivas de projeto próprio e continua dependente das importações”, assinala o SIPRI em seu relatório sobre as tendências no comércio mundial de armas.

Seu principal fornecedor entre 2010 e 2014 foi a Rússia, que vendeu 70% do total. Israel, 7% e, no que representa uma ruptura com o comportamento anterior de Nova Delhi e uma confirmação da boa sintonia com Washington nos últimos anos, os Estados Unidos venderam 12%. Antes de 2005-2009, a Índia quase não importava armamento americano.

“Parece haver uma tendência à alta nas importações dos Estados Unidos”, aponta o SIPRI. As aquisições dos Estados Unidos entre 2010 e 2014 foram 15 vezes maiores que no quinquênio anterior, e incluíram armas avançadas como aeronaves antisubmarinas. Em 2014 houve um acordo sobre compras adicionais, incluindo 22 helicópteros de combate.

A Arábia Saudita é o segundo maior comprador global.

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