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Netanyahu promete que não haverá Estado palestino se for reeleito

Eleições israelenses desta terça se convertem em um plebiscito sobre o primeiro-ministro

Juan Carlos Sanz
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta segunda-feira.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta segunda-feira.MENAHEM KAHANA (AFP)

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já parece querer jogar apenas a cartada do voto nacionalista. Ele tentou até o último momento atrair os eleitores mais conservadores com uma mensagem de rejeição à solução de “dois Estados” para o conflito com os palestinos se for reeleito. Antes do encerramento nesta segunda-feira da campanha para as eleições legislativas, Netanyahu fez um último lance que questiona a retomada do estancado processo de paz no Oriente Médio. “Os que querem a criação de um Estado palestino e uma retirada [israelense] dos territórios [os assentamentos] abrem o caminho para os ataques de extremistas islamistas contra o Estado de Israel”, declarou ao portal israelense de notícias NRG.

A chave das eleições está no centro

Os principais partidos de centro coincidem no essencial com a centro-esquerda do trabalhista Isaac Herzog e a ex-ministra Tzipi Livni, sua aliada na lista de União Sionista e que foi responsável por negociações com os palestinos. Defendem a proposta dos dois Estados endossada pelos países árabes moderados, mas conservando para Israel os assentamentos consolidados e mantendo a unidade territorial de Jerusalém.

Yair Lapid, que surpreendeu nas anteriores legislativas, realizadas há dois anos, ao somar 19 cadeiras, e que aspira consolidar nesta terça-feira um bom resultado, com 12 cadeiras de deputado segundo as sondagens, disse nesta segunda-feira alto e claro: “A era de Netanyahu terminou. Não entendeu que as questões sociais se destacam agora sobre a agenda de segurança”.

O ex-ministro das Comunicações do Likud Moshe Kahlon confia numa virada nas urnas com uma dezena de cadeiras. Conta com outra sondagem a seu favor: as ações dos principais bancos e companhias de energia caíram ante a perspectiva de que seja ministro das Finanças e aplique medidas liberalizantes em ambos setores.

Os israelenses comparecerão na terça-feira às urnas, convocados precisamente por Netanyahu, que antecipou as eleições há três meses por estar convencido de que conquistaria com facilidade um quarto mandato, o qual lhe permitiria superar Bem Gurion, pai da independência de Israel, tornando-se o primeiro-ministro que por mais tempo exerceu o poder na história do país.

Mas o líder o Likud não tem a vitória garantida e nem sequer será, segundo as pesquisas, o cabeça de lista partidária mais votado, pois as sondagens indicam que será superado pelo trabalhista Isaac Herzog. Tão somente lhe resta a opção de tentar compor uma nova coalizão no novo Parlamento fragmentado, se não conseguir impedir o inegável avanço da esquerda, do centro e dos partidos árabes em um referendo de punição a seus últimos seis anos de gestão.

Depois de reunir no domingo milhares de seguidores — boa parte deles, colonos judeus — em um comício no centro de Tel Aviv, o primeiro-ministro visitou nesta segunda-feira o assentamento de Har Homa, ao sul de Jerusalém, dentro da Cisjordânia, território ocupado por Israel depois da guerra de 1967, em um exercício de volta às raízes. Durante seu primeiro mandato como chefe de Governo (1996-1999), Netanyahu promoveu a construção de Har Homa, considerada então um desafio à comunidade internacional.

“Voltem para casa”, afirmou, numa censura aos colonos que parecem ter desertado do Likud. “Somente um partido forte dirigido por mim pode defender os interesses vitais de Israel contra um Governo de esquerda disposto a aceitar qualquer imposição [do exterior].” Em um palanque colocado em um edifício em construção, Netanyahu prometeu defender os acessos a Jerusalém mediante novas edificações. “Este assentamento está em um local que impede a continuidade territorial palestina”, admitiu em Har Homa.

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Cerca de 300.000 colonos israelenses residem na parte oriental de Jerusalém e outros 350.000, na Cisjordânia, segundo estimativas de Meir Margalit, membro do partido de esquerda Meretz, que foi conselheiro na parte Leste da Cidade Santa na Prefeitura anterior. “Muitos israelenses compraram casas nos assentamentos como investimento, com a esperança de receber elevadas indenizações quando Israel tiver de abandoná-los, como ocorreu depois da saída dos colonos da Faixa de Gaza, em 2005”, observa Margalit. Durante os dois últimos mandatos de Netanyahu, a população nos assentamentos cresceu a um ritmo anual de 5% até chegar a 70.000 novos colonos entre 2009 e 2013.

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