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Peritos da ex-esposa de Nisman dizem que o promotor morreu de joelhos

A ex-mulher enfrenta a promotora do caso e pede que ela “não minta mais para o povo"

Alejandro Rebossio
Sandra Arroyo Salgado, ex-esposa do promotor Nisman.
Sandra Arroyo Salgado, ex-esposa do promotor Nisman.Reuters

A equipe de peritos montada pela ex-esposa de Alberto Nisman, a juíza Sandra Arroyo Salgado, afirma que o promotor argentino foi executado na frente da banheira do lavabo de seu apartamento, com o torso erguido e com um joelho no chão. Arroyo, querelante na causa em representação das duas filhas que teve com Nisman, de sete e 15 anos, havia apresentado na semana passada em uma coletiva de imprensa de um relatório de 13 pontos no qual descartava um acidente ou um suicídio de seu ex-marido, mas havia omitido a divulgação pública do número 12, aquele no qual descrevia o modo em que supostamente foi assassinado. Na quinta-feira, o jornal La Nación publicou o detalhe desse ponto 12 e iniciou uma polêmica com a promotora que investiga a morte de Nisman, Viviana Fein.

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Fein apoiou sua investigação nos peritos da Corte Suprema da Argentina, cujo presidente, Ricardo Lorenzetti, enfrentou-se nos últimos dias com a chefa de Estado, Cristina Fernández de Kirchner, por causa de diversos casos judiciais. Os investigadores do máximo tribunal do país apoiaram mais a hipótese do suicídio, embora Fein não tenha descartado o assassinato. Claro que não são taxantes como os peritos da ex-esposa de Nisman que afirmam que se tratou de um assassinato. A promotora reconhece que as duas perícias são opostas e por isso planeja reunir seus autores nos próximos dias para contrastar as diferenças sobre o modo em que morreu, em janeiro passado, aquele que, quatro dias antes, tinha acusado Cristina Kirchner de um suposto encobrimento dos autores iranianos de um atentado que em 1994 deixou 85 mortos na sede portenha da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA).

Depois que La Nación publicou o ponto 12 do relatório da juiza Arroyo sobre o modo em que seu ex-marido havia morrido, a emissora de rádio Vorterix entrevistou a promotora Fein e ela negou a existência dessa parte. “Eu não tenho nenhum ponto 12. Não sei a que se refere. Não se está falando de mecânica. O ponto 12 não existe. Sobre o conteúdo, eu não posso falar. A querelante já usou seu tempo para apresentar as opiniões”, queixou-se Fein.

A promotora esclarece que a ex-mulher de Nisman havia pedido reserva sobre as perícias

Então a ex-esposa de Nisman ligou para Vorterix para responder à promotora: “O conteúdo do ponto 12 está sim no expediente e está na promotoria. Fala da mecânica do disparo. É impossível que Fein não conheça esses pontos. Não está dizendo a verdade, não pode mais mentir às pessoas. Não posso ficar calada. O que mais nos preocupa é que o relatório foi apresentado na quinta-feira. A promotora preferiu ouvir outras testemunhas que nos parecem complementares”. Assim se referiu Arroyo às declarações da modelo Florencia Cocucci, de 25 anos, que negou ser namorada de Nisman, de 51, mas reconhece que o conheceu em uma discoteca não frequentada por jovens e que viajaram juntos a Cancún (México) em novembro passado. A promotora interrogou Cocucci sobre o estado de ânimo de Nisman, mas a modelo se limitou a dizer que era muito reservado.

A polêmica continuou na rádio. Fein falou então por La Red para reconhecer que realmente o removido ponto 12 existia no relatório pericial de Arroyo. “A própria Arroyo Salgado pediu expressamente na promotoria a confidencialidade deste relatório e do conteúdo. Ela apresentou (o documento) com reticências e disse que era prudente de minha parte não manifestar a existência desse ponto”, respondeu a promotora à juíza.

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