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Maduro pedirá poderes especiais “para legislar contra o imperialismo”

Presidente da Venezuela nomeia funcionário sancionado como ministro do Interior

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, nesta segunda-feira.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, nesta segunda-feira.AFP

A resposta do Governo da Venezuela às sanções anunciadas pelo presidente Barack Obama, que declarou o país sul-americano uma ameaça aos interesses dos Estados Unidos, chegou carregada de retórica nacionalista. O Governo chavista quis aproveitar a ocasião para reforçar a impressão de que é vítima de um complô internacional para afastá-lo do poder. "Obama decidiu cumprir pessoalmente a tarefa de derrubar meu governo e intervir na Venezuela", afirmou o presidente Nicolás Maduro, que vai pedir poderes ao Parlamento "para legislar contra a ameaça imperialista".

O chefe de Estado venezuelano aguardou até o fim do jogo de futebol da seleção nacional sub-17, que derrotou o Brasil por 3 a 2, para iniciar um longo discurso de quase três horas em que passou a limpo seus dois anos no cargo mais importante do país. Foi sua maneira de destacar que o que Washington disse na segunda-feira seria mais um capítulo de uma trama golpista executada por políticos oposicionistas, que ele descreveu como agentes a serviço dos Estados Unidos, que aproveitam as liberdades definidas na Constituição para dedicar-se ao proselitismo.

Maduro também quis responder com uma afronta quando nomeou um dos sete sancionados, o major-general Gustavo Enrique González López, ministro do Interior, Justiça e Paz, cargo ocupado até então pela almirante Carmen Meléndez. González López foi até segunda-feira o titular do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebín), a polícia política. Esse organismo é acusado pela Casa Branca de perseguir políticos opositores e violar seus direitos humanos. González López se levantou de seu assento, situado ao lado de outros altos dirigentes militares, e fez uma saudação militar.

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O discurso de Maduro representou o ponto culminante de um dia ao longo do qual altos funcionários de seu Governo se referiram de maneiras diversas às sanções anunciadas por Washington. Alguns dos comentários beiraram a obscenidade, imitando o modo tão próprio em que o falecido Hugo Chávez aludia à liderança norte-americana. A chanceler Delcy Rodríguez chamou o encarregado de Negócios Maximilien Arvelaiz para consultas. O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, conclamou as bases do Partido socialista Unido da Venezuela a mobilizar-se diante da iminência de um ataque militar.

A resolução da Casa Branca parece ter sido uma resposta à decisão da Venezuela, anunciada na semana passada, de impedir a entrada no país de sete norte-americanos que identificou por seus nomes e sobrenomes. Em meados de dezembro o presidente Barack Obama assinou a Lei de Defesa dos Direitos Humanos e da Sociedade Civil da Venezuela 2014, aprovada previamente pelo Congresso dos EUA, que impõe sanções contra funcionários do Governo venezuelano considerados responsáveis por violações dos direitos humanos nos protestos oposicionistas de fevereiro a junho de 2014.

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