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Ocupe o Parque Augusta

Movimento que defende a criação de um parque em São Paulo realiza agenda de atividades como ioga, oficina de cisterna e meditação em grupo

Marina Rossi
Atividades no Parque no último dia 17.
Atividades no Parque no último dia 17.Amauri Nehn (Folhapress)

Um movimento de resistência ocupa uma parte de um terreno particular, cheio de histórias e com 24.000 metros quadrados de área entre as Ruas Caio Prado, e Augusta, na região central da cidade de São Paulo.

O movimento pelo parque é formado por vários grupos, os Aliados do Parque Augusta, o Organismo Parque Augusta, a Sociedade dos Amigos, Moradores, Comércio e Serviços de Cerqueira Cesar (Sammorc), dentre outros. Todos defendem que a área, que contempla um bosque cercado de biodiversidade, se transforme em um parque, para não se transformar em mais um pedaço pertencente à especulação imobiliária na cidade. O movimento, apartidário, é autogerido por seus membros que organizam diversas atividades gratuitas no local, como forma de resistir e manter o parque aberto à população.

Batizado de Verão no Parque Augusta, as atividades programadas vão desde aulas de ioga para crianças até reuniões sobre a escassez de água que a cidade enfrenta desde o ano passado. Neste fim de semana, será possível até mesmo aprender a construir uma cisterna, artefato bem-vindo em tempos de seca na cidade. Todas as atividades são gratuitas, mas é aconselhável levar sua própria água, sua canga e um saquinho para recolher o lixo.

Sábado, 07 de fevereiro

9h30: Aula de pilates

Das 10h às 14h: Oficina de cisterna e diálogo sobre a crise hídrica

15h: Bate papo sobre a água

21h: Cinemata - exibição do filme 'Entre rios'

Domingo, 08 de fevereiro

Programação do Coletivo Disco Xepa no Parque Augusta:

Das 10h às 14h: Preparação de sucos

11h: Ioga para crianças

Das 11h às 14h: Cobertura do evento, pelos Jovens do Programa Novo Olhar

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12h: Oficina sobre os ciclos dos alimentos (do prato à horta)

Das 12h às 15h: Oficina de culinária para crianças de todas as idades onde serão preparados espetinhos para churrasco feitos com legumes

13h: Caminhada com as crianças pelo parque para conhecer e identificar as chamadas 'plantas alimentícias não convencionais' (PANC's)

13h: Apresentação do grupo Jazz Trio Concert

14h: "Contação" de histórias

15h: Concerto com a banda 'Teorias do amor moderno'

15h: Debate sobre autogestão

20h: Oficina + debate: 'Panbasa, de todos para todos', sobre uma metodologia usada em ecovilas e comunidades sustentáveis

21h: Cinemata 'Ocupe a mídia', sobre a democratização dos meios de comunicação

Acompanhe a programação diária pela página no Facebook do Parque Augusta.

A briga contra o concreto

O terreno em questão abrigou, entre 1907 e 1969, um tradicional colégio interno feminino chamado Des Oiseaux. Na imponente construção, demolida em 1974, estudaram personalidades como a ex-primeira dama do Brasil, Ruth Cardoso (1930 - 2008), e a senadora Marta Suplicy (PT-SP). Além da planta, de inspiração art nouveau, o colégio era rodeado de um grande bosque.

Em 2003, a área foi adquirida pela Sociedade Armando Conde Investimentos, de propriedade do empresário Armando Conde, mas o bosque permaneceu aberto ao público. Um ano depois, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), tombou o local.

Em 2006, houve a tentativa de se construir um supermercado no terreno, mas a associação de moradores do bairro fez um abaixo-assinado e conseguiu barrar o projeto. Naquele ano surgia então o movimento Aliados do Parque Augusta. Desde então, o movimento vem colhendo algumas vitórias, como a aprovação na Câmara dos Vereadores de São Paulo de um projeto de lei que autoriza a criação do Parque Augusta.

Em novembro de 2013, porém, Armando Conde repassou oficialmente sua propriedade às Construtoras Cyrela e Setin, da qual ele é um dos sócios. Juntas, as empreiteiras apresentaram à Prefeitura o projeto para a construção de duas torres, uma residencial e outra comercial. Além disso, levantaram um muro na rua Caio Prado para isolar a área. Desde então, o parque é palco de uma queda de braço entre ativistas e os proprietários do terreno.

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