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Quem vai dirigir o transatlântico encalhado pela Lava Jato?

Mercado já especula nomes para substituir Graça Foster num dos mais emblemáticos desafios da companhia fundada nos anos 50

Carla Jiménez

O salário de três dígitos, com extras como participação nos lucros e outros bônus, pode ser atraente a primeira vista. Mas, o eleito ou eleita para substituir Graça Foster na presidência da Petrobras certamente não aceitará o desafio por uma mera ambição financeira. Pode-se contar nos dedos os executivos que vão se deixar seduzir pelo desafio de administrar a Petrobras num dos piores momentos da sua história. O novo presidente precisa ter um perfil sui geneirs, que se sinta atraído pela missão de desencalhar um transatlântico que se chocou com um iceberg chamado Lava Jato e testa a resistência de sua estrutura para encontrar o caminho de volta. Mais: alguém que pode enfrentar novos vazamentos no convés, que ainda não foram detectados.

A nova liderança precisará dar uma sólida interface para a companhia quando novas revelações sobre o esquema de corrupção vierem à tona, e ao mesmo tempo manter a companhia funcionando para cumprir suas metas de produção e resultado.

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Na bolsa de apostas, já há nomes de alto calibre, como o de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central dos dois mandatos do Governo Lula, que já presidiu o BankBoston e tem experiência internacional no setor financeiro. Quando assumiu o BC no início dos governos petistas, Meirelles mostrou uma capacidade surpreendente de resistir a pressões internacionais e trabalhar para reduzir a volatilidade do real, que vivia uma montanha russa quando Lula assumiu a presidência em 2003. Num dia, a dólar parecia chegar às alturas, e no outro, estava lá Meirelles com seus leilões precisos para reduzir a temperatura do caldeirão que fervia. Em pouco tempo, seu nome já exalava a tranquilidade que o mercado financeiro almejava. Segundo alguns analistas, Lula estaria trabalhando para que o nome dele seja o indicado para a função.

Se Meirelles aceitará o desafio não se sabe. Mas é fato que a Petrobras busca um líder que reúna essas características, e que ainda traga inteligência para driblar a época das vacas magras do petróleo a 53 dólares, quase metade de outrora. Segundo o jornal O Globo, há outros nomes sendo estudados, como o de Rodolfo Landim, que trabalhou na Petrobras por 26 anos, e chegou a trabalhar com o ex-bilionário Eike Batista. O workaholic Roger Agnelli, que presidiu a mineradora Vale e ajudou a multiplicar os lucros da companhia, ao fechar negócios bilionários com a China. Agnelli chegou a ser eleito um dos melhores CEOs do mundo em 2012. Outro é Antônio Maciel Neto, que se notabilizou por se tornar garoto propaganda da montadora Ford, que vinha de prejuízos consecutivos. A empresa passou a ser lucrativa depois da sua passagem.

Todos os nomes cotados têm em comum um perfil agressivo, resiliente e incansável na tarefa de alcançar os objetivos traçados. E a Petrobras está no centro de uma série de projetos de grande porte para o Governo Dilma, como o patrocínio de novos recursos para a educação, por meio do pré-sal.

Há, ainda, desafios hercúleos, como as negociações para que os projetos hoje tocados pelas empreiteiras investigadas não percam o prumo, bem como a conclusão de obras fundamentais como a refinaria Comperj, no Rio de Janeiro.

 O nome do novo presidente deve ser conhecido até o final desta semana, quando o Conselho de Administração se reúne para escolher o novo time da estatal. A mudança já foi premiada no mercado financeiro com a alta das ações da empresa na bolsa. Um pequeno suspiro para uma empresa que precisará de um tanque de oxigênio pelos próximos meses.

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