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Quarto ato do MPL é marcado por mais repressão da PM em São Paulo

Com quase um policial para cada manifestante, polícia atira balas de borracha e gás lacrimogêneo e deixa ao menos quatro pessoas feridas

Marina Rossi
Manifestante ferido, nesta sexta, em São Paulo.
Manifestante ferido, nesta sexta, em São Paulo.NACHO DOCE (REUTERS)

Ao menos quatro pessoas foram detidas e outras quatro ficaram feridas nesta sexta-feira, no quarto ato contra a tarifa de transporte público convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL) em São Paulo. A manifestação, que ocorreu de forma pacífica até poucos metros do destino final - a Praça da República, no centro da cidade – foi repreendida pela Polícia Militar na esquina da rua Conselheiro Crispiniano com a Avenida São João.

Mesmo debaixo de uma chuva forte, que durou cerca de 40 minutos, a manifestação levou, segundo o MPL, 15.000 pessoas às ruas. A PM afirma que eram 1.200 pessoas -quase uma para cada um dos 1.100 policiais que foram destacados para acompanhar a marcha.

Segundo Luíze Tavares, do movimento, um rojão foi atirado em direção à manifestação, sendo o estopim para a ação da polícia. "O ato estava pacífico, mas quando estávamos passando em frente à ocupação do MSTS [Movimento Sem Teto de São Paulo], alguém atirou um rojão sobre os manifestantes, causando o tumulto", diz. "Acreditamos que foi alguém infiltrado tentando fazer com que o ato acabasse sob repressão, uma vez que o protesto estava grande, animado e pacífico". A polícia também afirma que começou a atirar nos manifestantes depois de seus homens serem atingidos por rojões. Segundo a PM, quatro pessoas suspeitas de atirarem os fogos de artifício foram detidas.

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Depois de a polícia lançar bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha, o ato se dispersou. Grupos de black bloc correram até a praça da República, onde atiraram pedras contra as vidraças de ao menos dois bancos. Durante o confronto, os policiais tiraram suas identificações da farda, uma prática já usual nas manifestações.

De acordo com o Grupo de Apoio ao Protesto Popular (GAPP), um menino foi ferido na boca por estilhaços de bomba e outro participante do ato foi atingido no tórax por um cassetete. Um repórter do jornal O Estado de S. Paulo e um fotógrafo também foram atingidos por balas de borracha, sem gravidade.

A manifestação, que teve início em frente ao Theatro Municipal, por volta das 18h, estava marcada para terminar na Praça da República, a duas quadras de onde o tumulto começou.  "Eles [a polícia] podem machucar nossos corpos, mas da rua não sairemos", disse Luíze. Um novo ato, o quinto desde o início deste ano na cidade de São Paulo, já está marcado para a próxima terça-feira, no Largo da Batata, zona oeste da cidade, a partir das 17h.

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