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FMI reduz de 1,4% para 0,3% a previsão de expansão para o Brasil

América Latina crescerá só metade do que os países avançados em 2015

A diretora gerente do FMI, Christine Lagarde.
A diretora gerente do FMI, Christine Lagarde.EFE

O barateamento do petróleo e o crescimento dos Estados Unidos não são a cura para a debilidade que assola o restante da economia global e, em especial, a América Latina. A redução que o Fundo Monetário Internacional (FMI) impõe agora à região é considerável, de quase um ponto percentual, deixando em 1,3% a estimativa para este ano. O organismo acredita numa recuperação para 2,3% em 2016, mas também essa cifra é meio ponto a menos do que se previa em outubro.

Os emergentes podem sofrer um triplo golpe derivado da valorização do dólar, da alta dos juros nos EUA e de uma maior volatilidade no fluxo de capitais.

A expansão dos países latino-americanos em 2015 será apenas 0,1 ponto percentual maior do que no ano anterior, e equivalente a metade do que deve ser registrado nas economias avançadas, embora com chances de alcançar o mesmo patamar no ano seguinte, se as condições não se deteriorarem. A previsão de crescimento para a América Latina é ainda mais frustrante quando se leva em conta o ritmo da economia global, que crescerá 3,5% e 3,7% nos próximos dois anos.

A redução se deve sobretudo à freada brusca do Brasil, maior economia da região. O FMI reviu sua previsão sobre o crescimento brasileiro para apenas 0,3% neste ano e 1,5% em 2016, uma redução de 1,1 e 0,7 ponto percentual, respectivamente. Além disso, os economistas do Fundo reduziram em 0,3 ponto a previsão para o México, deixando-a em 3,2% para este ano e 3,5% para o próximo. O Governo brasileiro prevê crescimento de 0,8% para 2015.

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, já disse na quinta-feira que “ainda há fatores muito poderosos” freando o crescimento econômico global, apesar da possibilidade de que o barateamento do petróleo forneça um impulso maior do que o esperado. No lado negativo da balança pesam as dificuldades da zona do euro e do Japão, a escassez de investimentos, a volatilidade dos mercados e os riscos geopolíticos.

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O petróleo, aliás, é um exemplo da fragmentação econômica num mundo interconectado. Nas palavras de Lagarde, um mesmo evento provoca agora múltiplas situações, com diferentes efeitos em cada país ou região. Mas o substrato disso é que o crescimento global “é ainda muito baixo, muito vulnerável e muito assimétrico”.

O Banco Mundial já havia apresentado suas projeções há uma semana. Ele anteviu um crescimento médio de 2,6% entre 2015 e 2017 para a América Latina. É mais otimista que o Fundo, embora tenha dito que esse já decepcionante resultado dependerá do comportamento da China. É uma possibilidade que o FMI também cogita, já que uma desaceleração chinesa afeta os países que lhe abastecem com matérias-primas.

Golpe triplo

As economias dos países emergentes e em desenvolvimento crescerão neste ano a uma média de 4,3%, ritmo que subirá para 4,7% no ano que vem, mas também aqui a redução é de quase meio ponto em relação ao previsto anteriormente, numa estimativa divulgada durante a cúpula do FMI em outubro. Os emergentes podem sofrer um triplo golpe derivado da valorização do dólar, da alta dos juros nos EUA e de uma maior volatilidade no fluxo de capitais.

As expectativas para médio prazo, ressalta o FMI, são menos alentadoras, embora indique que os riscos para o crescimento global estejam mais equilibrados que em outubro. Esse enfraquecimento põe ainda mais em evidência, segundo a equipe de economistas dirigida por Olivier Blanchard, a necessidade de promover reformas estruturais. A queda do preço do petróleo, além disso, “oferece uma oportunidade para reformar os impostos e os subsídios à energia”.

Neste cenário negativo, a exceção entre as grandes economias são os Estados Unidos. A nova previsão eleva o crescimento em meio ponto percentual neste ano, para 3,6%, e três décimos de ponto no próximo ano, indo a 3,3%. Essa melhora nas projeções é atribuída ao efeito da baixa do petróleo na demanda interna, à moderação do ajuste fiscal e à queda nas taxas de juros. Só que a valorização do dólar provocará redução nas exportações.

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