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Jogo do bicho, tráfico e mulheres marcaram Wolinski em visita ao Rio

Cartunista morto em ataque ao 'Charlie Hebdo' veio ao país em 1993 para Bienal

Gil Alessi
A charge de Wolinski feita durante sua visita ao Rio.
A charge de Wolinski feita durante sua visita ao Rio.

Praias, mulheres, favelas e o poder paralelo do tráfico de drogas. Estas foram algumas das impressões que o cartunista George Wolinski – morto em um ataque terrorista à revista Charlie Hebdo - registrou em desenho sobre sua visita ao Rio de Janeiro em 1993.

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Durante sua participação na Bienal Internacional de Quadrinhos naquele ano, o chargista fez visitas guiadas às favelas da Rocinha, Mangueira e Vila Canoas, e se impressionou com a atuação dos grupos armados nos locais.

“A favela vive da droga. Dois grupos partilham o tráfico, o Comando Vermelho é um deles. Eles aprenderam com os presos políticos [nas cadeias durante a década de 1970] táticas de organização. Os traficantes financiam as escolas e outros serviços nas favelas, e as casas têm antenas parabólicas”, escreveu em uma charge posteriormente dada de presente para o empresário Marcelo Niemeyer, que à época recepcionou os participantes da Bienal e atuou como guia nos passeios. Niemeyer enviou a charge por e-mail ao EL PAÍS.

Charge feita por Wolinski durante sua visita ao Rio.
Charge feita por Wolinski durante sua visita ao Rio.

Wolinski também descreveu o jogo do bicho em seu desenho, dizendo que se trata de um “jogo esotérico e muito complicado. É possível fazer fortuna apostando em 25 bichos, e isso tem um alcance nacional, sob o controle de uma máfia sem dó”.

A praia não ficou de fora das observações do cartunista: “Um paraíso californiano com jovens surfando. São as nádegas mais felizes do mundo as cariocas. Jamais vi uma indecência tão pudica, que elas expõe de uma forma muito bonita, com inocência sem perversidade”.

No pé da charge, um pouco da ironia que caracterizou o trabalho do francês. Em português, as palavras “aqui ao vivo cartunistas famosos desenhando quadrinhos ‘pro’ combate à fome”.

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