_
_
_
_
_

Opositores de Dilma são citados em investigação sobre a Petrobras

Polícia apura se deputado Eduardo Cunha e senador Antonio Anastasia receberam propina

Eduardo Cunha, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Eduardo Cunha, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.Renato Araújo (Ag. Brasil)

A pouco mais de três semanas do fim do recesso do Legislativo dois congressistas opositores do Governo Dilma Rousseff (PT) veem seus nomes envolvidos em uma das maiores investigações contra corrupção dos últimos anos. O deputado Eduardo Cunha (PMDB do Rio de Janeiro) e o senador Antonio Anastasia (PSDB de Minas Gerais) foram citados na Operação Lava Jato, que investiga o desvio de 10 bilhões de reais da Petrobras, a maior empresa estatal brasileira.

Reeleito deputado, Eduardo Cunha é o favorito para se eleger presidente da Câmara dos Deputados e é da ala do PMDB que defende o rompimento com o Governo petista. Já Anastasia acaba de ser eleito senador e é fiel aliado do senador Aécio Neves, candidato derrotado por Dilma no pleito de outubro passado na mais disputada eleição desde a redemocratização.

Mais informações
Por que Dilma não revela quais são os ‘inimigos externos’ da Petrobras?
O ‘annus horribilis’ da Petrobras não termina
Petrobras suspende negócios com 23 empresas citadas na Lava Jato
Cidade americana entra com ação coletiva contra a Petrobras
Empreiteiras do caso Petrobras demitem e tentam vender ativos

Conforme reportagem da Folha de S. Paulo, tanto Cunha quanto Anastasia foram citados como beneficiários de recursos do esquema montado na Petrobras. As informações foram repassadas aos investigadores pelo policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. O policial foi preso sob a suspeita de trabalhar para o doleiro Alberto Yousseff, um dos cabeças da quadrilha, segundo as apurações da polícia e do Ministério Público.

Careca disse que entregou uma mala de dinheiro a Cunha, mas não citou valores. Enquanto Anastasia teria recebido 1 milhão de reais durante a campanha dele para o governo de Minas Gerais em 2010. O doleiro Youssef reforçou as denúncias contra Cunha. Os dois parlamentares negaram as acusações e as investigações não detalham por qual razão eles teriam recebido os recursos. Os dois casos agora estão sob responsabilidade da Procuradoria-Geral da República. Como o deputado e o senador têm foro privilegiado, eles só podem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal, que ainda não recebeu nenhuma denúncia relacionada a políticos que estariam envolvidos nos desvios.

Conforme o jornal O Globo, uma planilha com uma contabilidade apreendida em um computador de Youssef mostra que o policial Careca teria distribuído 16,7milhões de reais como propina. Outro citado pelo esquema é o deputado oposicionista Luiz Argôlo (Solidariedade da Bahia). Ele já teve seu nome vinculado no esquema e também nega que teria recebido qualquer valor.

Reações

Diante das revelações dos últimos dias, Cunha e Anastasia demonstraram indignação ao terem seus nomes vinculados ao esquema. O deputado afirmou que a ação é uma tentativa de atacar a candidatura dele à presidência da Câmara. Nesta quinta-feira, ele reafirmou que vai articular para que uma nova CPI da Petrobras seja instalada no Congresso, já que a encerrada no ano passado não se aprofundou nas investigações.

Já Anastasia afirmou, por meio de uma nota, que não conhece o policial que o acusou de receber propina e que nunca teve, enquanto governador, qualquer relação com a Petrobras. “Não sei o motivo de tal inverdade no âmbito dessa operação, mas sem dúvida misturar falsidades com fatos verdadeiros possa ser uma estratégia dos culpados”, afirmou.

Se forem encontradas provas contra eles, a Procuradoria-Geral da República deverá apresentar a denúncia no início de fevereiro, quando termina o recesso do Judiciário.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_