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Dois policiais são assassinados em Nova York; atirador se mata

Homem abriu fogo contra agentes no Brooklyn em meio à clima tenso pelo caso Garner

Polícia fecha rua onde dois agentes foram mortos em NY.
Polícia fecha rua onde dois agentes foram mortos em NY.REUTERS

Um indivíduo abriu fogo contra dois agentes da polícia que estavam dentro de uma viatura no Brooklyn em Nova York causando comoção. Os policiais morreram no que se qualificou como uma “execução” em plena rua. O autor da “emboscada”, como descreveram algumas testemunhas presenciais, também morreu, depois de atirar em si mesmo com sua semiautomática na plataforma de uma estação de metrô próxima.

O incidente ocorre em um momento especialmente delicado para “os azuis”, como são popularmente conhecidos membros da polícia nova-iorquina. A morte por estrangulamento de Eric Garner quando era detido em Staten Island mobiliza há três semanas milhares de cidadãos para protestar contra os casos de truculência policial. O agente que matou ao jovem negro, que estava desarmado, não foi processado.

O sindicato de polícia critica duramente a posição tomada pelo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, neste caso. A morte dos policiais Rafael Ramos e Wen-Jian Liu pode dar argumentos para investir contra o democrata. De acordo com a informação preliminar, os policiais levaram tiros na cabeça depois que um indivíduo de 28 anos se aproximou da viatura na esquina da rua Myrtle com a avenida Tompkins.

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O agressor foi identificado como Ismaaiyl Brinsley. Mora em Baltimore e está associado a uma gangue conhecida como “Black Gorilla Family”. Sua conta no Instagram está repleta de referências ao caso Garner e ao de Michael Brown em Ferguson, o outro jovem negro que morreu nas mãos da polícia. “Vou pôr asas nos porcos”, anunciava junto à foto de uma pistola prateada, “levaram um dos nossos, tomemos dois deles”. Antes de viajar a Nova York, disparou contra sua mulher.

Um dos dois policiais chegou morto ao hospital. O segundo chegou em estado crítico e morreu em algumas horas. O tiroteio aconteceu pouco depois das 15h (18h em Brasília). O agressor, como indicaram várias testemunhas à imprensa local, “começou a disparar a queima-roupa” pela janela do passageiro. Depois fugiu e entrou em uma estação de trem, enquanto era perseguido por policiais. Nesse momento, sentindo-se encurralado, deu um tiro na cabeça.

“Tudo foi muito rápido”, comentava Carmen Jiménez, moradora de Bedford-Stuyvesant no Brooklyn. Ela estava na plataforma do metrô quando o agressor era perseguido por pelo menos dois policiais. “Gritavam que nos jogássemos ao chão”, disse à imprensa. O local do tiroteio logo se encheu de policiais. Os motivos que levaram o indivíduo a abrir fogo contra os agentes são desconhecidos. Nos últimos protestos contra o caso Garner, alguns policiais foram vítimas de ataques em Nova York.

As viaturas policiais são equipadas com câmeras, o que poderia ajudar a entender o que aconteceu. A polícia de Nova York não dava detalhes muito precisos do incidente à espera de mais dados. O serviço de metrô da linha G entre Bedford-Norstrand Avenue e Court Square foi suspenso enquanto se faz a investigação. O prefeito e o delegado chefe, William Bratton, falaram depois à imprensa e confirmaram a informação relatada pelas testemunhas mais cedo.

Bratton disse que é “difícil colocar palavras, dar sentido” ao acontecido. “Foram assassinados”, afirmou, visivelmente emocionado, e ressaltou que “nunca tiveram oportunidade de pegar suas armas”. “É possível inclusive que não tenham visto chegar seu executor”, acrescentou. O delegado explicou que os agentes trabalhavam no atendimento a casos de violência no bairro. “Morreram servindo a sua cidade”, concluiu. De Blasio disse: “Temos de agradecer por existirem heróis como eles”, e acrescentou “eram dois policiais valentes”.

O reverendo Al Sharpton, que há apenas uma semana mobilizou milhares de pessoas em Washington para exigir ações contra os policiais que cometem abusos contra a comunidade negra, qualificou de “repreensível” que se utilizem os nomes de Garner e Brown para justificar esse tipo de violência e se declarou contrário a “procurar fazer justiça dessa maneira”. “A violência é inimizade”, indicou em uma nota, da causa que perseguem as marchas e as mobilizações vividas nas últimas semanas nos Estados Unidos. “Nem todos os policiais são maus”, reiterou.

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