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Evo Morales critica o México pelo narcotráfico e o caso Iguala

O presidente do Uruguai, José Mujica, também chamou o Estado de “falido”

Paula Chouza
Evo Morales e José Mujica, em encontro no último dia 17.
Evo Morales e José Mujica, em encontro no último dia 17. JUAN MABROMATA (AFP)

As mais recentes declarações do presidente da Bolívia, Evo Morales, incomodaram nesta sexta-feira o mandatário mexicano de Enrique Peña Nieto. Em cerimônia com policiais de seu país, o presidente boliviano afirmou nesta manhã que Colômbia e México têm “problemas profundos” com o narcotráfico, devido a seu modelo “fracassado” de livre mercado, que segundo o governante os submete ao “império norte-americano”.

“Vemos como está a Colômbia, especialmente como está o México, os últimos acontecimentos. Continuo pensando que o modelo ali está falido”, disse Morales em alusão ao desaparecimento de 43 estudantes de magistério em 26 de setembro em Iguala, Guerrero, fato que provocou comoção no país. E acrescentou: “Parece que o crime está acima do Estado”.

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A resposta do Governo mexicano não se fez esperar. A Secretaria de Relações Exteriores enviou uma nota diplomática à chancelaria boliviana em que manifesta sua “surpresa e preocupação” pelas declarações de Morales.

"Estas reiteradas manifestações fomentam uma falsa percepção de divisão regional, num momento em que os países da América Latina e do Caribe, o México em particular, estão empenhados em construir um espaço de unidade e diálogo na figura da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos.”

No comunicado distribuído aos meios de comunicação, o Governo mexicano frisa que o “México privilegia o diálogo respeitoso em nível regional e a interação entre países, reconhecendo a diversidade que existe na América Latina e no Caribe, sobre uma base de diálogo e cooperação”. A Secretaria de Relações Exteriores também “confia no espírito de concertação que hoje prevalece na região”.

Não é primeira vez que um líder do continente critica a condução do caso Iguala. Há menos de um mês, o presidente do Uruguai, José Mujica, chamou na revista Foreign Affairs Latinoamerica o Estado mexicano de “falido e com poderes totalmente fora de controle”, vinculando o desaparecimento dos estudantes à “gigantesca corrupção que existe no México”. Em suas declarações à revista, Mujica afirmou também: “No México, a corrupção está instalada, me parece, vista à distância, como um costume social tácito. Com certeza o corrupto não é malvisto, é um vencedor, é um senhor esplêndido”. A Secretaria de Relações Exteriores repudiou categoricamente as acusações e anunciou que convocaria o embaixador do Uruguai para lhe pedir explicações. Horas depois, o presidente do Uruguai se retratou no site da Presidência de seu país.

O choque diplomático, desta vez com a Bolívia, ocorre apenas uma semana depois de concluída em Veracruz a XXIV Cúpula Ibero-americana, encontro que não teve a presença de Evo Morales e outros cinco líderes da região. Durante a quarta reunião da Comissão Binacional Permanente México-Bolívia, em julho, a chancelaria lembrou que os dois países mantêm uma das relações de cooperação mais antigas e fizeram acordo para reforçar seus vínculos econômicos, com um comércio bilateral que nos últimos dez anos passou de 50 milhões de dólares para 250.

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