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Premiê espanhol admite que “a recuperação não chegou para todos”

Mariano Rajoy afirma que, “em muitos aspectos, a crise é coisa do passado”

Rajoy e Báñez com os agentes sociais.Foto: atlas | Vídeo: Uly Martín / Atlas
Manuel V. Gómez

O Governo espanhol está empenhado em passar uma mensagem: a crise ficou para trás. O primeiro-ministro Mariano Rajoy insistiu na ideia que já proclamou na semana passada. “Em muitos aspectos a crise é coisa do passado”, repetiu no ato da assinatura do pacto com os sindicatos e empresários que viabilizará uma nova ajuda aos desempregados de longo prazo. Mas em seguida ponderou: “A recuperação não chegou para todos, nem foi igual para todos”.

Para fundamentar seu discurso de recuperação, Rajoy valeu-se dos números do PIB, do déficit e da Seguridade Social. Mas, desta vez, diante dos secretários-gerais das Comisiones Obreras (CO), Ignacio Fernández Toxo, e da Unión General de Trabajadores (UGT), Cándido Méndez, e dos presidentes da Confederación Española de Organizaciones Empresariales (CEOE), Juan Rosell, e da Confederación Española de la Pequeña y Mediana Empresa (CEPYME), Antonio Garamendi, relativizou. Admitiu que as sequelas da crise ainda estão muito presentes e que não se pode falar de uma saída plena. “A recuperação só será completa quando chegar a cada espanhol desempregado e for sentida nos bolsos de todos os espanhóis. A recuperação não chegou para todos, nem foi igual para todos”, reconheceu.

Em seu discurso, Rajoy anunciou que a nova ajuda de 426 euros mensais durante um semestre para os desempregados de longo prazo (os que estão há pelo menos um ano sem trabalho) que possuem famílias para sustentar é a primeira medida da virada social que pretende dar a seu Governo no último ano de mandato, quando o calendário tem pendentes vários encontros eleitorais. “Há coisas que todos gostaríamos de ter feito, mas as coisas são como são”, disse, para então, a seu modo, fazer o anúncio: “Agora podemos fazer coisas que não pudemos fazer meses atrás, e tenho a convicção de que mais coisas continuarão sendo feitas”.

Essas “coisas” são um plano de ajuda às famílias que está sendo preparado pelo novo ministro da Saúde, Alfonso Alonso, a pedido de Rajoy e da vice-primeira-ministra, Soraya Sáenz da Santamaría.

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As palavras de Rajoy encerraram o ato protocolar de apresentação do primeiro acordo social de vulto desta legislatura. Houve um ou outro no último ano, como recordou Toxo (a revisão da tributação sobre as indenizações por demissão e a atualização dos benefícios que endividam o Fundo de Garantia Salarial – Fogasa). Entretanto, nenhum desses acordos teve o alcance ou a magnitude deste, que, além do mais, parece uma mudança de rumo nas relações com os sindicatos e os empresários de um Executivo que, até o momento, obteve poucos frutos no chamado diálogo social.

Antes da fala do primeiro-ministro, os líderes da UGT e das CO pediram que o Governo aumente o salário mínimo, praticamente congelado desde 2011.

Sobre a nova ajuda, os sindicalistas defenderam sua necessidade. “Esta é uma iniciativa imprescindível para uma situação insustentável”, apontou em suas primeiras palavras Méndez. Para o líder da UGT, “sem esta medida o diálogo social não teria podido continuar” e pediu “reforçar os serviços públicos de emprego” para atender aos beneficiários do novo benefício. Seu homólogo nas CO pediu “melhorar a rede de amparo social” e relembrou uma ideia lançada há meses por sua organização: “Uma renda mínima que garanta ganhos suficientes para a pessoa se manter até que encontre emprego”.

Os líderes empresariais, que disputam a presidência da grande organização patronal, a CEOE, admitiram que a medida era necessária. “É um compromisso obrigatório de solidariedade”, enfatizou Garamendi, o primeiro a tomar a palavra. Rosell apontou na mesma linha quando assinalou: “A emergência social deve ter resposta política e é isso que estamos fazendo”.

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